*Com informações de DW

Às vésperas da COP27, FBOMS pede ao presidente eleito Lula, que sinalize a vontade de o Brasil sediar a cúpula climática em 2025. Segundo o sistema de rodízio aplicado na escolha do país-sede, a América Latina e Caribe deverá receber o evento daqui a três anos.

“Nossa expectativa (proposta) é de que o vosso governo, desde já, sinalize a disposição do Brasil de sediar a COP30 em 2025, como ato político do compromisso de nossa contribuição significativa aos esforços globais para o enfrentamento da crise climática”, diz trecho da carta do fórum, endereçada nesta quarta-feira tanto a Lula como a seu vice, Geraldo Alckmin.

“No âmbito do regime multilateral de mudanças do clima, o Brasil pode e deve resgatar o papel de liderança”, diz outro trecho do documento.

O Brasil deveria ter sediado a COP25, em 2019, mas o governo de Jair Bolsonaro, então recém-eleito e em transição, retirou a oferta, alegando restrições orçamentárias.

“Tendo em vista as atuais restrições fiscais e orçamentárias, que deverão permanecer no futuro próximo, e o processo de transição para a recém-eleita administração, a ser iniciada em 1º de janeiro de 2019, o governo brasileiro viu-se obrigado a retirar sua oferta de sediar a COP 25”, informou uma nota do Itamaraty enviada ao portal G1 em novembro de 2018.

Diante dos retrocessos na política ambiental desde 2019, o especialista em acordos climáticos e membro do FBOMS, Rubens Born, um dos autores da carta, explica que o documento chama a atenção para a urgência do governo Lula em mudar a imagem do Brasil como “pária do meio ambiente”.

“Precisamos sinalizar para a comunidade internacional que, embora tenhamos muitos problemas a resolver na área ambiental, o Brasil está disposto a fazer a sua parte. Sediar a COP em 2025 é dizer que voltaremos a cooperar e que iremos fazer o nosso melhor possível para converter os índices de desmatamento e queimadas nos próximos três anos”, diz Born.

Leia a carta da FBOMS na íntegra aqui

A carta ainda aborda a importância de o Brasil retomar conselhos e espaços de participação da sociedade civil em questões relacionadas ao meio ambiente, além de ratificar o Acordo de Escazú, um acordo regional sobre Acesso à Informação, Participação Pública e Acesso à Justiça em Assuntos Ambientais na América Latina e Caribe.

“O Brasil tem a Lei de Acesso à Informação, isso é positivo, porém desde 2019 Bolsonaro dissolveu a participação da sociedade civil nas decisões públicas que afetam o meio ambiente. Ainda nessa linha, o Brasil é um dos países onde mais se assassinam defensores de direitos ambientais e indígenas. Precisamos voltar a garantir o acesso à informação e a proteção de quem trabalha com assuntos ambientais”, diz Born.

Em 2019, Bolsonaro reduziu de 22 para quatro o número de representantes da sociedade civil no Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), o principal órgão consultivo do Ministério do Meio Ambiente. Em 2020, o atual presidente excluiu a participação social do conselho deliberativo do Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA).

Temos um longo caminho pela frente, mas ao menos, começamos a ver uma luz no fim do túnel, e você? O que acha?

Leia a carta da FBOMS na íntegra aqui

 

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Livia Lie – 350.org América Latina