Após mais de três anos após o desastre da Samarco, da Vale e da BHP, em Mariana (MG), muitas pessoas ainda não foram indenizadas. De acordo com a Coordenadora de Gênero e do Núcleo Local de Belo Horizonte do Engajamundo, Eduarda Binder, até hoje os atingidos participam de reuniões quase diárias com a Fundação Renova, entidade criada pela Vale para reparar os danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. Agora, com o recente rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão, no dia 25 de janeiro, na cidade de Brumadinho (MG), a luta é para que “o que aconteceu seja o alerta que Mariana não foi”.

“O grande problema é que a empresa troca constantemente de funcionários e isso, além de deixar o processo mais lento – porque esses servidores entram e não sabem o status do procedimento –, faz com que as pessoas que perderam suas casas, esperanças e modo de vida tenham que continuar passando por esse processo extremamente cansativo, tendo que lembrar minuciosamente o pior dia das vidas deles”, explica Eduarda.

Um ex-voluntário da Fundação Renova e ex-funcionário da Samarco que preferiu não se identificar afirma que a empresa atua intensamente para desmobilizar os movimentos. “Quando deixei de ser voluntário e fui contratado para a equipe de diálogo que opera para cadastrar as famílias, fui percebendo que eles queriam desarticular os movimentos de todas as formas possíveis. As reuniões eram feitas nesse tom: ‘como vamos fazer para desmobilizar os movimentos?'”.

“Eu acredito que essas barragens não estão se rompendo à toa não. Elas já estão sendo construídas com data de validade, eles ultrapassam essa data sabendo que aquilo ali já tinha fragilidades – até porque é feito à montante, ou seja, não tem um trapézio sólido para aguentar a quantidade de rejeitos que está sendo colocada ali dentro”, complementa.

Soluções

Quando questionados sobre a solução para combater esse modus operandi, a resposta foi a mesma: participação popular. “Sem pressão popular nada acontece, o que precisa acontecer é não esquecer de Brumadinho. Continuar pressionando para que a justiça seja feita, para que os responsáveis sejam presos”, declara Eduarda. “A única forma de mudar isso é devolvendo ao povo a soberania, para que quem mora nas regiões possa ter participação nas escolhas dos modelos de mineração a serem aplicados”, finaliza o ex-funcionário da Samarco.

Paulinne Rhinow Giffhorn — jornalista da Fundação Internacional Arayara e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS).

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