Nesta sexta-feira (25/03), dia da Greve Global pelo Clima, pescadores artesanais e quilombolas de Sergipe farão uma barqueata e uma passeata em Aracaju, a partir das 08h, para exigir territórios livres da exploração de combustíveis fósseis no estado e medidas para reverter a degradação do Rio Sergipe.

Distribuídos em cerca de 70 embarcações, os participantes da barqueata se concentrarão embaixo da ponte Aracaju/Barra, no Bairro Industrial. Desse ponto, navegarão pelo Rio Sergipe em direção ao Centro da capital e se reencontrarão no trecho do rio que fica bem em frente à Assembleia Legislativa do estado. Simultaneamente, outro grupo de manifestantes fará uma passeata, com os mesmos pontos de partida e chegada da barqueata.

Já reunidos, eles realizarão um ato simbólico para chamar a atenção dos deputados estaduais e da população sergipana para a necessidade de preservação do litoral nordestino frente aos riscos socioambientais gerados pelos combustíveis fósseis. Também pedirão a dragagem da Boca da Barra e medidas para reverter a degradação do Rio Sergipe, que se encontra contaminado por óleo e gás, em alguns trechos, e por esgoto sem tratamento.

Com o apoio da ONG global de campanhas pelo clima 350.org e outras organizações, os participantes do protesto também estenderão faixas da campanha No Tempo da Maré, que exige o fim do projeto da empresa ExxonMobil de exploração de petróleo e gás em Sergipe, por ser uma ameaça aos territórios tradicionais.

A ExxonMobil está tentando licenciar 11 poços exploratórios na bacia marítima de Sergipe-Alagoas, após adquirir a exploração de seis blocos em licitações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). 

Quem vive nas áreas potencialmente afetadas pelo projeto lembra-se dos danos provocados pelo enorme vazamento de óleo que atingiu praias de todos os estados do Nordeste brasileiro, em 2019, e que impediu milhares de famílias de seguir ganhando seu sustento, por meses após o acidente. 

As lideranças locais apontam também que a ExxonMobil já está desrespeitando os direitos das comunidades mesmo antes de ter recebido as autorizações necessárias para extrair petróleo e gás no litoral de Sergipe.

“Tomamos como uma grande surpresa a chegada da ExxonMobil na região da Foz do São Francisco. Foi tudo muito rápido, e quando a gente percebeu, a empresa estava lá, dizendo que possivelmente faria a exploração de petróleo. Isso aconteceu sem nenhuma consulta às comunidades”, afirma Quitéria Gomes Pereira, representante do Fórum dos Povos e Comunidades Tradicionais de Sergipe e do Conselho Pastoral dos Pescadores. 

Entre os riscos que a exploração de petróleo e gás traz ao estado estão os frequentes vazamentos de óleo que caracterizam as operações das empresas do setor e o trânsito pesado de embarcações em áreas de pesca, que prejudica a atividade econômica das famílias, sua alimentação e seus costumes. 

Sobre o projeto da ExxonMobil em Sergipe

Como mostrou a agência de notícias Marco Zero, o próprio Relatório de Impacto Ambiental do projeto da ExxonMobil indica que quase 80 municípios, do Rio Grande do Norte até o Rio de Janeiro, estão sujeitos aos impactos potenciais da atividade de exploração que a empresa pretende realizar. 

Brejo Grande, na costa sergipana, seria o município mais afetado por um vazamento de óleo, como aponta mapa produzido pela ExxonMobil e obtido pelo site Outras Palavras.

O relatório destaca também que os danos ambientais vão do nível “alto” ao “muito alto” em todas as etapas do processo de perfuração. Ativistas da região afirmam, ainda, que o estudo contém falhas técnicas que levam a uma avaliação subestimada dos impactos, ou seja, o risco seria ainda maior do que o registrado pela própria empresa.

Sobre a Greve Global pelo Clima

A Greve Global pelo Clima (“Global Climate Strikes”) é um conjunto de ações virtuais e presenciais em defesa da ação climática, que se realiza periodicamente em todo o mundo há mais de três anos. Liderados por grupos de ativistas jovens pelo clima, os atos levam dezenas de milhares de pessoas a espaços públicos e às redes sociais, para chamar a atenção da sociedade e dos governos para a necessidade de ação urgente e ampla pelo fim da crise do clima e em favor da justiça climática.

Nesta sexta-feira, 25 de setembro, a manifestação das comunidades litorâneas fará parte de um conjunto de mobilizações pelo clima organizadas por grupos da sociedade civil sergipana. Também ocorrerá simultaneamente a marchas e protestos em todo o planeta. 

O mapa de ações do grupo climático jovem Fridays for Future já contabiliza mais de mil eventos programados, em pelo menos 580 cidades de 89 países.

Nas redes sociais, quem quiser apoiar a mobilização pode curtir e comentar sobre os conteúdos publicados no Instagram pelo perfil No Tempo da Maré, usando as hashtags #PessoasNãoLucro e #ForaExxonMobil.