“Eis a minha arma!” – disse Irmã Dorothy Stang ao mostrar a Bíblia Sagrada para aquele que logo a balearia com 6 tiros.

Ela tinha 73 anos e vivia em Anapu, no interior do Estado do Pará, uma área repleta de conflitos agrários. Participava da Comissão Pastoral da Terra (CPT) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) desde a sua fundação e acompanhou a vida e a luta dos trabalhadores do campo, sobretudo na região da Transamazônica, no Pará. Irmã Dorothy defendia uma reforma agrária justa, e mantinha intensa agenda de diálogo com lideranças camponesas, políticas e religiosas, na busca de soluções duradouras para os conflitos relacionados à posse e à exploração da terra na Região Amazônica.

Era a principal idealizadora dos Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS), que incentivava são exemplo de que é possível obter renda da floresta amazônica preservando a mata. Os PDS de Dorothy são descritos como um cinturão verde em meio à devastação que avança sobre a Amazônia.

 

A sua participação em projetos de desenvolvimento sustentável ultrapassou as fronteiras da pequena Vila de Sucupira, no município de Anapu, no Estado do Pará, a 500 quilômetros de Belém do Pará, ganhando reconhecimento nacional e internacional.

Irmã Dorothy recebeu diversas ameaças de morte, sem deixar intimidar-se. Pouco antes de ser assassinada declarou:

“Não vou fugir e nem abandonar a luta desses agricultores que estão desprotegidos no meio da floresta. Eles têm o sagrado direito a uma vida melhor numa terra onde possam viver e produzir com dignidade sem devastar”.

No cenário dos conflitos agrários no Brasil, seu nome associa-se aos de tantos outros homens, mulheres e crianças que morreram e ainda morrem sem ter seus direitos respeitados.

O corpo da missionária está enterrado em Anapu, Pará, Brasil, onde recebeu e recebe as homenagens de tantos que nela reconhecem as virtudes heróicas da matrona cristã.

 

Sobre a 350.org e as mudanças climáticas

A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.

Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima. Mais uma vertente das iniciativas apoiadas pela 350.org é da conjugação entre Fé, Paz e Clima.

 

Livia Lie – coordenadora de Campanhas Digitais da 350.org Brasil e América Latina, comunicóloga e Voluntária da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima Água e Vida.

 

Fonte: Sinodo Amazonico e The Intercept Brasil