É impossível não se comover com os relatos trazidos pelo indígena argentino do povo Mapuche. 

 “Temos o sonho de que ao levarmos nosso testemunho vivencial sobre o que esse ecocídio está gerando, dispare o alerta e com ele o trabalho consciente em busca de uma militância mais ativa contra o fracking”, assim falou o líder mapuche Fernando Eliseo Barraza no encontro que aconteceu em São Luiz do Maranhão durantes os dias 21 e 22 de abril, dia Mundia da Terra.

Fernando é da Confederação Mapuche de Neuquén. É na província de Neuquén onde se localiza a maior fatia de Vaca Muerta, uma formação geológica que guarda uma grande reserva de petróleo e gás e que é a grande aposta do governo argentino. 

“Existe uma diferença grande entre o que acontece na vida das pessoas que vivem e sofrem os impactos diretos da exploração de Vaca Muerta; e o que os jornais e políticos argentinos se falam sobre Vaca Muerta. A vinda desses indígenas Mapuches foi importante, nós precisamos ouvi-los! São eles quem estão ali, o território era deles antes de mais nada e é um privilégio poder olhar em seus olhos, e receber esses alertas, pois não queremos que os maranhenses sofram com esses problemas”, apontou Renan Andrade coordenador da 350.org Brasil.

A preocupação de Renan sobre o Maranhão vem desde o último governo, pois mesmo com tantas evidências do impacto nocivo do fraturamento hidráulico, o antigo governo federal estava estimulando as empresas a levarem para o Maranhão essa técnica, que só não era usada no Brasil pela falta de regulamentação por parte dos órgãos ambientais. Foi quando surgiu o Projeto Poço Transparente, criado justamente para permitir a entrada do fracking no estado. 

“O governo anterior estava agilizando todos os trâmites para viabilizar a utilização do fracking, principalmente no Maranhão e na Amazônia, sem pensar nas consequências. Eu quero de verdade, que este governo que se propõe a ser mais ambientalmente e socialmente responsável, se oponha a esta técnica proibida em tantos países.”, complementou Renan. 

O atual presidente Lula têm falado muito sobre Emergência Climática e transição energética, mas na prática, nenhum passo para trás foi dado quanto ao fracking, por isso nós precisamos nos unir e cobrar para que não deixem isso avançar por aqui. 

Maranhão não merece virar uma zona de sacrifício tal qual virou Vaca Muerta na Argentina. Já existem diversas soluções para substituir os combustíveis fósseis. Não há motivos para colocar tantas vidas em risco utilizando uma técnica tão nociva quanto o fracking. 

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Livia Lie