O fim do ano se aproxima e uma notícia boa chega para coroar 2017. Após diversas manifestações de movimentos populares de Peruíbe, a Cetesb rejeitou nesta terça-feira (19) o pedido da Gastrading Comercializadora de Energias S.A. para licenciamento do Projeto Verde Atlântico Energias, que prevê a construção de uma termelétrica na cidade. A Cetesb argumenta “inviabilidade ambiental” da obra e arquivou o pedido.
Segundo Mari Polachini, ativista do Movimento contra as Agressões à Natureza (MoCan), no fim de novembro, a Cetesb já havia informado, em reunião com representantes dos movimentos, sobre o parecer contrário ao licenciamento, pela não apresentação de certidões de uso e ocupação do solo e pela existência da lei municipal que proíbe a atividade.
Depois de muita pressão por parte dos grupos contrários à instalação da termelétrica, o parecer foi publicado. “Creio que a união da população em prol da causa foi ímpar e exemplar. Sinto muito orgulho desses meu companheiros de luta, que superando as diferenças, se empenharam em proteger nossa cidade dessa ganância destruidora dos empresários do petróleo”, afirma Mari Polachini.
Ao longo das últimas semanas, a questão foi intensamente debatida na Câmara Municipal da cidade, uma vez que uma Frente Parlamentar, apoiada por movimento sociais contrários à usina, buscava a aprovação de um projeto de emenda à lei orgânica, que impede a atividade de indústrias poluentes e causadoras de chuva ácida na cidade. “O ano foi difícil, mas tenho certeza que estamos representando os interesses do povo. Usina não!”, afirmou a vereadora Luciana Castellan, na última sessão do ano.
“Essa é a história de uma cidade que se uniu em prol de um objetivo: lutar contra um empreendimento de 5 bilhões promovidos por interesses obscuros, que acarretariam prejuízos imensuráveis à população e ao meio ambiente” afirma o biólogo André Ichikawa, integrante do Coletivo Ativista Litoral Sustentável e do Instituto Ernesto Zwarg.
Peruíbe sustentável
A 350.org Brasil e a Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS) acompanham o processo, ao lado das comunidades que seriam afetadas pelo empreendimento e comemoram os resultados da campanha até agora. “Dezenas de cidades com termelétricas a carvão e a gás matam pessoas, destroem comunidades e eliminam o ambiente com justiça sócio-ambiental”, afirma Juliano Bueno de Araújo, coordenador de campanhas da 350.org Brasil e coordenador nacional da COESUS.
Exemplo disto é a guerra pela água travada nos últimos meses no Ceará, onde mais da metade dos recursos hídricos da região, vinha sendo destinado ao complexo industrial do Pecém. O estado passa por uma de suas piores crises hídricas e a água, para consumo do povo, estava sendo consumida pela termelétrica.
A 350.org Brasil defende iniciativas que possibilitem a independencia energética das comunidades e cidades, com a autogeração de energia (solar, eólica e biomassa) e empreendimentos de baixo carbono, possibilitando o desenvolvimento econômico com sustentabilidade ambiental.
A organização oferecerá um treinamento sobre ativismo climático em Peruíbe, de 25 a 28 de janeiro, pela defesa de cidades sustentáveis e de baixo carbono. “Convidamos a população a permanecer alerta pois as leis são modificadas e as empresas que implantam a destruição são implacáveis em suas reações”, afirma Juliano Bueno de Araujo.