Está declarada a guerra contra o plástico! Alguns soldados da linha de frente, como os canudos, os cotonetes e as sacolas, já estão com os dias contados. Felizmente, esse é um movimento que vem ganhando força em todos os cantos do planeta. O plástico, tão enraizado em nosso dia a dia, começa a ser encarado mais como um vilão disfarçado de herói.

É fato que ainda somos muito dependentes desse material, o que não nos impede de compreender os riscos que o plástico oferece ao meio ambiente e de avançar em uma gradativa mudança, buscando por alternativas e soluções. Mudança não só de materiais e produtos, mas dos nossos hábitos mais corriqueiros. Utilizar a própria garrafinha de água reutilizável, dizer não para o canudo oferecido com seu drink no bar, ir ao mercado com sacolas reutilizáveis, dar a devida atenção à reciclagem e por aí vai.

Falando em soluções…

Outro fato é que a problemática do plástico sensibiliza muito mais as pessoas, pois afeta diretamente outros seres vivos. Quem nunca ouviu falar das ilhas de plástico? Ou viu fotos de animais marinhos enroscados nesses materiais? Ou não ficou chocado com o tempo que o plástico leva para se decompor (pode chegar a 450 anos, o que significa que os resíduos que estamos gerando nos acompanharão por séculos!)? É muito mais fácil para nós compreendermos o quão prejudicial esse material é para o meio ambiente, com os dados e números escancarados em nossa cara, não é mesmo?

Falando em números…

E o que a indústria fóssil tem a ver com isso?

Para responder essa pergunta, precisamos compreender o motivo do plástico ser tão prejudicial: a sua matéria prima. O plástico é um material sintético, derivado da indústria petroquímica, sendo fruto de reações químicas de compostos orgânicos obtidos em sua maioria do petróleo. E é quando o seu ciclo de vida útil termina que parte do problema começa. O canudo, por exemplo, você utiliza por no máximo uma hora. Mas você só vai se ver livre dele daqui muitos, muitos anos.

Mas por que “parte”? Bom, para que seja possível produzir o plástico, é preciso explorar petróleo. Se você é um forte combatente dos plásticos, mas nunca parou para pensar nos bastidores, chegou a hora!  Visto que a maior parte do plástico produzido no mundo ainda é proveniente de fontes fósseis, combater esse material é também uma forma de contribuir para evitar o aquecimento global.

A exploração dos combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão, vem acelerando o aumento das emissões de gases de efeito estufa, responsáveis pelo aquecimento global e, consequentemente, pelas mudanças climáticas. Estamos encarando um grande desafio e temos testemunhado os sinais diariamente, em diversos lugares do mundo, de como o clima está cada vez mais imprevisível e as mudanças cada vez mais extremas.

A origem deste aumento? Juntos, a agricultura, a produção de energia e o setor industrial são responsáveis por 70% das emissões mundiais de gases de efeito estufa. Os resíduos que produzimos também geram uma série de impactos, uma vez que o lixo é outro problemão que segue na conta da humanidade.

Na plataforma do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de Gases de Efeito Estufa (SEEG) você encontra outros dados comparativos sobre as emissões no Brasil.

Quando somamos todos os impactos provenientes da exploração dos combustíveis fósseis, fica mais do que claro que é preciso dar um basta.

Além dos plásticos e microplásticos, que são os vilões mais conhecidos, a exploração de petróleo no mar também prejudica os oceanos e a vida marinha. Riscos de vazamento de petróleo e as explosões sísmicas resultantes do processo de perfuração perturbam a fauna, como o caso de golfinhos e baleias que dependem do sonar para sobreviver.

Quando investimos nesse tipo de exploração, não damos a abertura e o incentivo necessários para que soluções e alternativas comecem a ganhar o cenário. Ficamos longe de alcançar a tão urgente independência desses recursos. Seja para o setor de energia, seja para produção de materiais. Por isso, se quisermos  fazer a diferença, precisamos ir além da luta contra os canudinhos. Precisamos combater a origem do problema.

Como fazer isso? Muitas decisões cabem aos nossos governantes, como cumprir com as metas estabelecidas no Acordo de Paris. Por outro lado, o poder também está em nossas mãos. Tanto pequenas mudanças quanto grandes ações contra a indústria dos combustíveis fósseis podem fazer toda a diferença.

“A percepção das pessoas, na maior parte das vezes, é de que a mudança no comportamento individual ou de pequenos grupos é irrelevante para fazer frente a um fenômeno tão abrangente e de tal intensidade como o aquecimento global. Essa afirmação é equivocada. Pequenas atitudes fazem uma enorme diferença quando praticadas por várias pessoas ao longo de um grande período de tempo. Mais que isso, o nosso comportamento é exemplar para os nossos familiares e amigos, de forma que o nosso modo de consumir influencia o dessas pessoas e pode ser um agente catalisador de mudanças positivas em certa escala.” Helio Mattar para a Folha de S. Paulo

Precisamos, de uma vez por todas, optar pelas alternativas sustentáveis e trilhar um caminho rumo a um mundo livre dos combustíveis fósseis – e, sim, dos plásticos também! Estado a estado, cidade a cidade, vamos dar um fim a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energia livre e renovável liderada pelas comunidades.

Quer fazer parte desse movimento? Acesse https://zerofosseis.org/