Por Daiana Lopes

A comunidade de Paiçandu, no noroeste do Paraná, compareceu em peso à audiência pública, na última sexta-feira (10), que apresentou a forma não convencional de exploração de petróleo e gás por fraturamento hidráulico – o fracking – e os perigos dessa prática. “Queremos que a população conheça todo o processo, quais os prejuízos para a vida das pessoas e nossa produção e, assim, com apoio da comunidade, tomarmos decisões”, afirmou o prefeito Tarcísio Marques dos Reis.

O evento foi coordenado pela COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – e pela 350.org Brasil. “Esta é parte de uma longa caminhada, para informar as cidades através de audiências públicas e para convidar a casa legislativa e o executivo a agirem com responsabilidade. É a vida da população que está sendo colocada em risco”, afirmou Juliano Bueno Araujo, coordenador de campanhas climáticas da 350.org Brasil e fundador da COESUS.

Depois de saber dos perigos do fracking, o vereador Wesley Rossi apoiou a apresentação do projeto de lei para impedir a técnica no município. “Não queremos que nossos filhos sejam envenenados e acredito que todos os vereadores vão concordar com a proposta”, disse o vereador.

leiloadas durante a 13a Rodada de Licitações de Blocos Exploratórios da Agência Nacional de Petróleo e Gás (ANP), diversas áreas do Paraná voltam a leilão na 15ª Rodada, prevista para maio de 2018. De acordo com o mapa das áreas a serem ofertadas na próxima rodada, divulgado pela ANP, a região de Paiçandu está entre as áreas que serão oferecidas a empresas para exploração de gás natural.

“Paiçandu foi uma das cidades pesquisadas pela ANP e onde há evidências de que há o folhelho de xisto e, portanto, a possibilidade de exploração desse gás perigoso, cuja técnica traz danos e consequências irreversíveis ao meio ambiente, à economia local e à saúde das populações”, afirma Juliano Bueno de Araujo.

“Eu já presenciei esses caminhões [de companhias petrolíferas] na região, mas nada sabia sobre o fracking. É um tema de extrema importância e a comunidade não está sabendo. Vamos lutar para que os vereadores aprovem a lei para a proibição. Vamos levar essa informação para escolas e intensificar essa luta”, afirmou a professora Carla Adriana de Araújo.

A presença de caminhões, maquinário e equipes de empresas do ramo tem sido recorrente em diversas municipalidades do estado, e faz parte da etapa de testes sísmicos, para averiguar a presença de gás no subsolo e a possibilidade de exploração. Esse processo, por sua vez, também traz danos aos municípios.

Todas as atividades ligadas ao fracking – o licenciamento para pesquisas, testes sísmicos ou para a exploração do gás em si – já foram proibidas pela Lei Estadual 18.947/2016, sancionada e publicada em 22 de dezembro de 2016. Mesmo assim, as petrolíferas seguem atuando de forma ilegal na região.