Um terço do país está submerso neste momento – pontes, estradas, escolas e infraestruturas essenciais estão debaixo d´água, com milhares de pessoas correndo para evacuarem suas casas. Pelo menos 33 milhões tiveram que deixar seus lares, número que representa um em cada sete paquistaneses. São 33 milhões de sonhos desfeitos, 33 milhões de esperanças despedaçadas e 33 milhões de futuros destruídos como resultado do caos gerado em seus territórios – sem que os paquistaneses tenham qualquer responsabilidade em relação a isso.
O Paquistão responde por apenas 0,67% das emissões globais de carbono, mas há muito tempo foi classificado entre as nações mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas. O país enfrenta taxas de aquecimento acima da média global e eventos climáticos extremos frequentes e intensos.
Todas as regiões do Paquistão testemunharam eventos climáticos extremos em 2022. De março a junho, as províncias de Sindh, Baluchistão e Punjab sofreram com ondas recordes de calor. No norte, nas regiões de Khyber Pakhtunkhwa e Gilgit Baltistan, o derretimento de geleiras causou inundações de explosão de lagos glaciais (GLOF). Agora, as recentes inundações desencadeadas por uma monção sem precedentes provocaram estragos em todas as regiões do país, de Gilgit-Baltistão e Khyber-Pakhtunkhwa a Sindh, sul do Punjab e Baluchistão. Essa catástrofe climática foi devastadora para a população marginalizada, com milhões ainda esperando por comida, água potável e abrigo, enquanto as equipes de resgate lutam para chegar a essas comunidades isoladas.
Em um país colapsado economicamente e marcado por um passado colonial, as recentes inundações exacerbaram o quadro de destruição, levando a um aumento vertiginoso da inflação e a uma escassez de alimentos de proporções épicas, pois as inundações destruíram colheitas e mataram o gado. A atual crise climática está ameaçando a sobrevivência do Paquistão como economia baseada na agricultura.
Enquanto o Paquistão lamenta a devastação causada por eventos climáticos extremos, os países industrializados e pós-industrializados do Norte Global, causadores dessa catástrofe, devem ser responsabilizados. Para que possamos sobreviver e para que o povo paquistanês tenha uma vida digna, a crise climática precisa receber mais atenção, especialmente das nações ricas, responsáveis por 90% das emissões de gases de efeito estufa. Esses países precisam assumir que contribuíram para o cenário atual e devem ser responsabilizadas pelas mortes e destruição do planeta, resultado direto de suas ações. O sangue dos mortos está nas mãos dos bilionários dos combustíveis fósseis do Norte Global.
Os mesmos países altamente emissores do Norte colonizaram nossas terras por centenas de anos, matando nossos ancestrais e roubando recursos. Agora colonizam nossa atmosfera em busca de riqueza e desenvolvimento às custas da vida do nosso povo e do meio ambiente.
Se um aumento de 1,1 °C tem esses efeitos no Paquistão, fico aterrorizado ao imaginar o que o futuro nos reserva. O aumento da temperatura pode ser linear, mas as catástrofes são exponenciais.
O Paquistão enfrenta uma crise humanitária catastrófica e uma crise financeira inimaginável. O país está à beira do desastre econômico total. É chegada a hora de os países responsáveis pelas mais altas emissões pagarem por perdas e danos – eles devem compensar os demais. Não estamos pedindo caridade ou empréstimos, precisamos de reparação climática..
As mortes e a destruição no Paquistão não serão apenas estatísticas insignificantes nesse mundo ganancioso com fins lucrativos.
Coisas que você pode fazer:
Há muitas formas de lidar com a crise climática. Se você quiser ajudar imediatamente, aqui está uma lista de operações de socorro e canais de doação: