Participantes de mobilização pela proteção da floresta seguram cartazes pela transição energética, nas ruas de Belém, durante a Cúpula da Amazônia. Foto: @nayjinknss @anamendes_anamendes

✊ Nos últimos dias, o movimento climático e os povos indígenas da América Latina demonstraram sua força na proteção do clima global.

😫 Mas os governos regionais perderam uma bela oportunidade de fazer mais pelo planeta. 

Tudo isso aconteceu na Cúpula da Amazônia, encontro de presidentes de oito países sul-americanos, realizado em Belém, Brasil, de 8 a 9 de agosto. Organizado pelo 🇧🇷, teve como objetivo definir compromissos conjuntos para ampliar a proteção da floresta amazônica.

🤝 Esses países também quiseram mostrar unidade regional na proteção do clima, a fim de se fortalecerem para as negociações da COP28, maior encontro global de chefes de estado para o clima, que acontecerá em Dubai, em dezembro.

👯 Essa dança diplomática importa, mesmo que você não more na região, porque a maior floresta tropical do mundo é fundamental para o clima. Suas árvores atuam como um gigantesco reservatório de carbono. Mas, quando uma árvore é derrubada ou queimada, ela libera seu carbono, agravando a crise climática.

☠️ Atividades como a pecuária ilegal e o garimpo já causaram o desmatamento de cerca de 20% da Amazônia. Além disso, em alguns pontos, a negligência das empresas de petróleo e gás também provocou a contaminação de enormes áreas de rios e florestas. 

A crise climática, causada pela queima de petróleo, gás e carvão, também ameaça esse tesouro global. Como? As mudanças nos padrões de temperatura e chuva podem transformar a floresta em uma savana a longo prazo. Se isso acontecer, pode ser irreversível. 

👀 O painel científico da ONU para o clima, o  IPCC, já alertou que, caso ocorra, a savanização da Amazônia poderá agravar a crise climática em escala global. Para os povos indígenas da Amazônia seria ainda mais desastroso, pois prejudicaria gravemente seu modo de vida.

 

Impressão de post do perfil da 350 América Latina no Instagram. Veja mais fotos e vídeos em https://www.instagram.com/p/Cvvaj5OvwCK/?img_index=1

 

Por tudo isso, os Povos Indígenas, que são os maiores guardiões da floresta e que estão na linha de frente da crise climática, foram à Cúpula Amazônica exigir dos governos mais ação pelo clima. O movimento climático também estava lá, incluindo os ativistas da 350.org!

🗨️ Por meio de muito diálogo, Povos Indígenas e ativistas climáticos chegaram a pedidos muito concretos. A 350.org, por exemplo, organizou um evento sobre os impactos dos combustíveis fósseis na Amazônia, juntamente com a GGON, o Climainfo (Brasil), a MOCCIC (Peru) e outros parceiros.

Algumas das solicitações em comum das organizações climáticas foram:

➡️ Os países amazônicos precisam agir com urgência para evitar o ponto de não-retorno.

➡️ Os países ricos, historicamente responsáveis pela crise climática, devem cortar drasticamente suas emissões, para evitar a savanização da Amazônia.

➡️ Para atingir essas metas, os países amazônicos precisam assumir a meta de acabar com o desmatamento dentro de um horizonte tangível – várias menções a 2030 foram feitas.

➡️ Também é fundamental proibir a extração de petróleo e gás na Amazônia.

📃 Ao final da Cúpula, ficou claro que as expectativas do movimento popular seriam atendidas apenas em parte. Brasil e Colômbia se destacaram porque trabalharam para incluir no documento final um compromisso de evitar que a Amazônia chegasse a um ponto sem volta.

Mas 🇧🇷 e 🇨🇴 discordaram na questão dos combustíveis fósseis. O presidente colombiano, Gustavo Petro, fez anúncios públicos de que os países devem incluir a proibição de petróleo e gás no documento final. O Brasil, liderado pelo presidente Lula, não era favorável à inclusão desse item no texto.

Banner usado nas manifestações e nas redes sociais, durante a Cúpula da Amazônia, em Belém.

No final das contas, o compromisso com uma Amazônia Livre de Petróleo e Gás não chegou à declaração da Cúpula, para grande decepção do movimento popular. A imprensa de todo o mundo destacou a falta de ação dos países nesse sentido. 

❌ Ficou feio para o Brasil, até porque o presidente Lula vem tentando se destacar como um líder global pelo clima. Seu governo tem feito progressos importantes na proteção da Amazônia, mas, neste caso, ficou do lado errado: o dos poluidores.

A declaração da Cúpula também teve aspectos positivos. A principal: entrou no texto final o compromisso de agir para evitar que a Amazônia chegue ao ponto de não-retorno!

Outros destaques: o reconhecimento da importância do combate ao racismo climático e o aprimoramento da cooperação para o monitoramento de atividades ilegais na região.

Mas para uma cúpula tão promissora, o resultado poderia ter sido melhor! Ainda precisamos de metas mais claras para acabar com o desmatamento. E definitivamente precisamos proteger a região dos danos causados pela extração de petróleo e gás!

🌴 Resumindo: floresta em pé, petróleo e gás no chão!

E agora? A próxima grande oportunidade para os países da região mostrarem progresso na proteção da Amazônia será a #COP28. Confira o que disse o diretor da 350 para a América Latina, Ilan Zugman, sobre as perspectivas futuras para os países amazônicos. 👇

“Se, até a COP28, esses países usarem as bases construídas na Cúpula para assumir compromissos mais ambiciosos, individualmente e em bloco, terão uma capacidade muito maior de pressionar os países ricos a resolver o caos climático criado por esses mesmos países ricos”

🛡️ Proteger a Amazônia da indústria de petróleo e gás é, portanto, uma oportunidade para Brasil, Colômbia e outros países da América do Sul fortalecerem suas vozes e seu papel de liderança global nas negociações climáticas.

Para todos que lutam pelo planeta, os legados desta cúpula foram:

➡️ A bela mobilização protagonizada pelo movimento socioambiental

➡️ Vitórias como o compromisso dos governos de evitar o ponto de não-retorno

➡️ A certeza de que podemos – e iremos – continuar a exigir ação climática!

Para saber mais sobre como a 350.org está ajudando a construir uma ⭐️ Amazônia livre de petróleo e gás ⭐️, confira este artigo de opinião assinado por Ilan Zugman, da 350.org, publicado no PlenaMata. 🧐

 

Petróleo e gás são ameaça silenciosa à Amazônia brasileira