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Coragem e covardia

 

Caros Amigos,

Na tarde da última sexta-feira da Conferência de Clima da ONU (9 de dezembro), um membro da nossa equipe em Durban entrou no corredor principal do centro de conferências e, de acordo com a tradição dos movimentos Occupy do mundo todo, gritou “Mic check!” (algo como: “Testando.”).

Para surpresa da segurança da ONU e dos negociadores, centenas de pessoas gritaram de volta: “Mic check!”. Juntos, abriram banners com mensagens dizendo “Não mate a África” ​​e “Seja solidário com as nações insulares”, e começaram a marchar em direção à sala principal de negociação.

Durante as próximas duas horas, a equipe da 350.org e nossos aliados ocuparam os corredores das negociações climáticas, usando o “microfone humano” (a multidão repetindo cada frase que uma pessoa diz) para amplificar as vozes de pessoas de todo o mundo, incluindo a de um negociador egípcio e a do ministro do Meio Ambiente das Maldivas.

Muitos de vocês também estavam lá em solidariedade global. Podia-se ler em um dos banners: “703.000 pessoas te apoiam”. Esse é o número (impressionante) de pessoas que assinaram petições, incluindo a da 350.org, convocando os Estados Unidos a pararem de bloquear o progresso.

Foto: WWF@COP17

Nosso esforço coletivo forçou os Estados Unidos a recuar quanto à “pior ideia da história”: adiar o acordo sobre um novo tratado climático até 2020. O roteiro acordado em Durban convoca para um acordo climático a ser alcançado até 2015, com a implementação completa cinco anos depois. É melhor do que “o pior” resultado possível, mas ainda é um atraso covarde e inaceitável sobre a ação pelo clima global – e uma receita para catástrofes climáticas.

Houve algum progresso com relação a outras questões: os planos para  o “Fundo Climático Verde” ficaram mais sólidos para ajudar os países em desenvolvimento e surgiu um projeto de um acordo legal sobre o clima que seria aplicável a todos os grandes emissores de gases de efeito estufa. E surpreendentemente para alguns, as conversações não entraram em colapso completo.

Entretanto, no geral, os resultados de Durban foram uma grande decepção. Os Estados Unidos e seus aliados foram capazes de colocar obstáculos suficientes para impedir o  tipo de progresso e transformação de que precisamos realmente ter com relação à crise climática. Metas para reduções de emissões são ainda demasiado vagas, demasiado fracas, ou muito distantes de obter níveis de dióxido de carbono abaixo do limite de segurança de 350 ppm.

Esta é a dura realidade que agora precisamos enfrentar juntos: as negociações internacionais de clima – ou o Congresso dos EUA – nunca vão chegar a um acordo transformador até que consigamos romper a influência que as empresas de combustíveis fósseis têm sobre os nossos governos ao redor do mundo.

Abaixo podemos ler o que Bill McKibben tem a dizer sobre essa situação:

“Nós não vamos nos deixar distrair com as intermináveis ​​negociações da ONU. Sabemos que a verdadeira disputa é entre os cientistas e as empresas de combustíveis fósseis – e estamos nos empenhando para que o debate aponte para a ciência. Assim como fizemos com o oleoduto Keystone XL, vamos escancarar os subsídios que fazem as companhias de petróleo tão ricas e a corrupção sistêmica que as torna tão politicamente poderosas”.

Se há uma lição definitiva de Durban, é a seguinte: nós temos muito trabalho a fazer como um movimento. Em 2012, a 350.org lançará campanhas contundentes para enfrentar as causas profundas da crise climática e juntos vamos construir soluções climáticas de baixo para cima – soluções que não exigem um tratado global para colocar o mundo no caminho da segurança climática.

Manteremos contato para discutir os detalhes, mas você pode ter certeza de que vamos precisar de toda a ajuda que podemos obter.

Mais notícias em breve,

Jamie Henn por toda a equipe 350.org

Centenas protestam dentro das negociações climáticas da ONU em solidariedade com a África e as pequenas ilhas

 

Em solidariedade com as milhões de pessoas que já sentem os impactos das mudanças climáticas, centenas de pessoas protestaram nos corredores das negociações de clima da ONU esta tarde para exigir que as nações não assinem uma “sentença de morte” em Durban.

O protesto encheu o salão de fora da sala principal de negociação em Durban, no momento em que a rodada da tarde estava agendada para começar. Em pé, lado a lado com os delegados de alguns dos países mais vulneráveis do mundo, representantes da sociedade civil cantaram canções tradicionais do sul-africanas liberdade e gritavam slogans como: “Escute o povo, não os poluidores”.

“Somos todos africanos. Somos todos pessoas das ilhas”, disse Kumi Naidoo, diretor executivo do Greenpeace International, nascido em Durban. Naidoo apelou diretamente aos Estados Unidos para sairem da frente se não querem progresso. “Presidente Obama, não dê ouvidos aos executivos das empresas de combustíveis fósseis. Ouça o povo”.

Nas últimas 48 horas, mais de 700.000 pessoas assinaram petições convocando os principais emissores a apoiarem as nações da África e resistirem a qualquer tentativa de atrasar a ação pelo clima até 2020. A maior parte das assinaturas vieram da Avaaz.org  que chamou os líderes do Brasil, China e Europa para “apoiar a África e enfrentar os EUA e outros países que procuram destruir as negociações de clima e o nosso planeta”.

“O mundo está em permanente solidariedade com aqueles aqui em Durban que estão agindo”, disse Iain Keith, da Avaaz. “Restam apenas algumas horas das negociações climáticas e o futuro de África e do planeta estão em jogo. A história julgará estes negociadores com base nas decisões que eles fizerem hoje à noite”.

A partir das 15h30 (horário de Durban), os manifestantes ainda enchiam o corredor do centro de conferência cantando e ouvindo discursos de ativistas e representantes de todo o mundo. Não sabemos se a segurança vai permitir que a reunião continue ao longo do dia ou vai evacuar a área.

“Qualquer acordo para atrasar a ação real pelo clima até 2020 seria uma sentença de morte para milhões de pessoas na África e em todo o mundo”, disse Landry Ninteretse da campanha internacional 350.org. “Estamos cansados ​​de esperar por avanços nas negociações.”

Pior ideia do mundo?

 

Caros amigos mundo afora,

E se alguém dissesse que você deve perder toda a sua esperança de uma ação climática global até 2020? Bom, é exatamente essa a proposta que os Estados Unidos e outros países estão fazendo nas negociações climáticas da ONU, que estão acontecendo essa semana em Durban, África do Sul. Atrasar um acordo até 2020 é a pior ideia que já tiveram.

Esperar nove anos por ações de combate às mudanças climáticas não é somente atrasar o processo, é uma sentença de morte para as comunidades que estão na linha de frente da crise climática – e pode acabar com a possibilidade de conseguirmos diminuir os níveis de carbono à concentração segura de 350 partes por milhão.

Foto: Julian Koschorke da Speak Your Mind.

Nunca é tarde para impedir esse retrocesso. Nos próximos dois dias, nossa equipe de ativistas da 350.org em Durban trabalhará com os nossos parceiros da Avaaz e outros aliados ao redor do mundo para isolar aqueles que querem atrasar as negociações, como os Estados Unidos, e para apoiar as nações africanas, que estão lutando por ação climática real, além de pressionar a União Européia, o Brasil e a China para apoiarem os esforços africanos.

Clique aqui para somar a sua voz nesse chamado global por ação que vamos entregar aqui em Durban: www.350.org/pt/durban2011

As negociações climáticas na África do Sul acabam em 48 horas e é vital que façamos essa pressão agora. Para garantir que a sua voz seja ouvida, nossa equipe em Durban vai entregar sua mensagem diretamente para a equipe de negociadores dos Estados Unidos em um evento de grande impacto que estamos organizando para sexta-feira. Não podemos dizer muito mais sobre isso agora, mas asseguramos que a sua mensagem não será ignorada.

Se dermos um alerta internacional antes das negociações acabarem na sexta-feira, nós poderemos pressionar os Estados Unidos para sair do meio do caminho e ajudar a alavancar um processo global ambicioso que nos leve a ações efetivas no combate às mudanças climáticas no mundo inteiro. É claro que sozinhas, as negociações de clima da ONU não farão com que a gente volte às 350 ppm, mas essas negociações têm o potencial de criar uma estrutura legalmente vinculante para ajudar as nações a reduziram sua emissão de carbono.

Independentemente do que acontecer em Durban, uma coisa é certa: todos nós temos muito trabalho para fazer nos nossos países. Em 2012, nós vamos precisar fazer tudo que pudermos para desafiar as empresas de combustíveis fósseis que são o real obstáculo para o progresso climático. Quebrar a influência que estas empresas exercem em nossos governos é a única maneira de realmente destravar as negociações.

O caminho à nossa frente parece longo e difícil, mas, como Nelson Mandela disse, “Sempre parece impossível até que seja feito”. A rede da 350.org já enfrentou o impossível antes – agora é hora de reforçarmos novamente essa pressão.

Por favor, una a sua voz e encaminhe este pedido a todos os seus amigos:www.350.org/pt/durban2011

Em Solidariedade,

Jamie Henn e toda equipe da 350.org

A voz deste movimento

Caros amigos,

Segue um breve relato de Durban, África do Sul, onde acontecem as negociações da ONU para renovar o acordo climático global.

Primeiro, algumas notícias não muito agradáveis:

* As negociações climáticas da ONU ainda não geraram boas notícias para serem compartilhadas. Muitos de vocês provavelmente se lembram do fracasso dos países em alcançar um compromisso ambicioso, justo e com força de lei em Copenhague. No último encontro que aconteceu ano passado em Cancun, apenas se ouviu um boato no sentido de que “o processo havia sido salvo”.

* Nas semanas anteriores à conferência aqui em Durban, os países nos indicaram que simplesmente manterão o processo atual em andamento por um período de 4 a 9 anos antes de assumir o tipo de compromisso requerido. De 4 a 9 anos! Nas palavras dos nossos parceiros da Aliança dos Pequenos Estados Insulares (AOSIS), esse tipo de negociação é totalmente “imprudente e irresponsável”. Um tratado justo, ambicioso e com força de lei sobre o clima já deveria ter sido assinado e é um crime defender que se espere mais.

* Este é o desafio que enfrentamos em Durban: governos dispostos a conversar indefinidamente evitando os compromissos exigidos deles.

Apesar do incrível movimento climático que surgiu ao redor do mundo nestes últimos anos, mobilizando e unindo de uma forma nunca antes vista, apesar de mais de 100 países declararem abertamente a necessidade de um acordo que nos coloque outra vez abaixo das 350 partes por milhão (ppm) para “garantir a sobrevivência de todos os países e pessoas”, ainda não vimos o progresso que gostaríamos.

Corporações, particularmente a indústria dos combustíveis fósseis, estão poluindo não só o nosso ambiente senão a nossa política. Estão fazendo tudo que está a seu alcance (e investindo muito dinheiro) para bloquear as ações que a ciência e a justiça exigem. Ou seja, nós ainda temos muito trabalho pela frente.

Mas a imagem que está se formando em Durban não é apenas a de uma burocracia vacilante, é também a de esperança e colaboração. Aqui no continente, o movimento climático está unido a movimentos sociais de base. Estas conexões começaram semana passada quando centenas de jovens de todo o continente e ao redor de todo o mundo se reuniram para a “Conferência da Juventude”. Esta foi a 7ª conferência deste tipo, mas foi a primeira vez que os jovens africanos superaram em número aos jovens da Europa, das Américas, da Oceania e da Ásia. E foi impressionante.

A Conferência da Juventude estava repleta de uma energia incrível, uma energia alegre e contagiante. O tempo inteiro irrompíamos em canções e gritos de “Amandla Awethu!” (Poder para o povo). Esta é uma das maiores dádivas que o movimento climático na África tem para compartilhar com o mundo: a alegria e o amor dos movimentos populares expressados por meio da música.

As vozes poderosas vindas da África do Sul foram uma inspiração para as “Ondas do Rádio”, uma chance de elevarmos as nossas vozes e, juntos, ocuparmos as ondas do rádio para ajudar a divulgar este movimento.

Escute a nova música “People Power” e una-se a: radiowave.350.org

As “Ondas do Rádio” serão executadas por mais um curto período de tempo, embora os recursos permaneçam para apoiar o movimento, nas rádios, no futuro. Com a atenção internacional voltada para o movimento climático e para as negociações na África durante estas semanas, este é o melhor momento para espalhar a onda. Então, se você ainda não faz parte, junte-se às Ondas Rádio levando sua voz a uma rádio local e compartilhando a canção o mais amplamente possível.

Vamos divulgar: há um movimento crescente e pronto para reconstruir nosso mundo.

Amandla Awethu,

Samantha Bailey por toda equipe 350.org