Anterior aos finlandeses, aos suecos e aos vikings, o povo Saami vive no extremo norte da Europa. A população sobreviveu ao clima mais adverso por milhares de anos nas regiões do Ártico localizadas na Suécia, na Finlândia, na Noruega e na Rússia. Mas as mudanças climáticas tornaram a vida dos Saami muito mais difícil. Agora, eles enfrentam o aumento da temperatura no Ártico e condições climáticas imprevisíveis.
O Ártico está esquentando duas vezes mais rápido que a média global. Camadas de gelo inesperadas tornam perigoso o deslocamento pelos lagos. Há registros de afogamentos de pessoas e renas por conta da redução incomum da espessura do gelo. No início de 2018, cientistas ficaram alarmados quando o lago de gelo mais robusto do Ártico, no norte da Groenlândia, começou a se romper pela primeira vez na história. Neste verão, a seca e os incêndios sem precedentes no Círculo Polar Ártico provocaram danos sérios na pastagem das renas – que levará décadas para se recuperar.
As renas são essenciais na vida dos Saami. Elas são usadas como meio de transporte e na produção de leite e carne. O saber tradicional de pastoreio desses animais passou de geração em geração, incluindo conhecimentos sobre como usar a terra durante oscilações extremas do clima. Entretanto, devido ao aumento drástico das temperaturas, os pastores de renas Saami precisam lutar contra as adversidades.
Jonas Vannar destaca as dificuldades que vem enfrentando. O aquecimento do Ártico e o crescente desmatamento da região dificultam a alimentação das renas, que têm o líquen como principal item de sua dieta.
“Para os pastores, é fundamental que as renas possam encontrar comida sozinhas. Elas sentem o cheiro do líquen embaixo da neve. Quando a temperatura oscila no inverno, camadas de gelo se formam sobre a superfície, fazendo com que elas não consigam mais fazer isso. Elas começam, então, a procurar líquen pendurado nas árvores. […] Isso agrava o conflito com a indústria florestal, porque o líquen geralmente cresce em árvores mais velhas. Quando você derruba uma floresta, o líquen também desaparece”, explica Vannar. Ele teve a triste experiência de ver renas morrerem em seus braços devido à falta de comida – algo que espera não presenciar novamente.
Mas os problemas que os Saami enfrentam não se devem somente às mudanças climáticas. Projetos envolvendo a construção de represas de usinas hidrelétricas ameaçam seu estilo de vida. A instalação de uma represa interrompe o caminho habitual das renas, que correm à margem dos rios, além de alterar os padrões hídricos naturais. Normalmente, o fluxo dos rios é maior no verão do que no inverno. A represa coleta a água na estação mais quente e a libera no período mais frio, tornando as camadas de gelo ainda mais finas. A vila saami onde Vannar vive precisou mudar o caminho das renas para longe da água.
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