Foto: Nuvem de poeira no ar liberada por uma mina de carvão mineral ativa. Fonte: Rualdo Menegat

O cardiologista Dr. Aluízio Achutti divulgou um alerta urgente à população gaúcha sobre os impactos da Mina Guaíba. Resultado do III Seminário de Saúde Planetária de Porto Alegre e assinada pelos participantes do evento, a nota cita a ausência de Avaliação de Impacto à Saúde (AIS) no estudo de impacto ambiental (EIA-RIMA) e cita graves doenças que podem atingir a população que vive no entorno da mina, como derrames, asma, demência, pneumonia, câncer, entre outras.

Há um risco eminente de emissão de poeira fina oriunda das explosões da mineração que podem aumentar a ocorrência de infartos do coração, derrames (AVCs), demência, asma, câncer de pulmão, pneumonia infantil, partos prematuros e baixo peso ao nascer.

Entre os pontos citados pelo Dr. Aluízio Achutti estão:

  • a não inclusão do município de Porto Alegre na região de impacto ambiental indireto da mineração localizada a apenas 16 km do centro da cidade;
  • a subestimação na exposição dos reais custos sociais, ambientais e econômicos do projeto;
  • a não apresentação da composição química elementar do carvão mineral;
  • o risco de contaminação por metais pesados na água da Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA);
  • o risco de emissão de “poeira fina” oriunda das explosões da mineração que poderiam aumentar a ocorrência de infartos do coração, “derrames” (AVCs), demência, asma, câncer de pulmão, pneumonia infantil, partos prematuros e baixo peso ao nascer, entre outras, e impactos nos atendimentos nas UBS, pronto atendimentos e hospitais;
  • a ausência de Avaliação de Impacto à Saúde (AIS) aos 4,5 milhões de habitantes da RMPA;
  • a proximidade perigosa ao Parque Estadual do Delta do Jacuí – “filtro” da água potável da RMPA (Região Metropolitana de Porto Alegre); e a emergência climática, que impacta a vida das pessoas em todo o planeta.

O material particulado é composto por uma mistura de compostos químicos. Ele fica suspenso no ar na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça e fuligem. E surge dos processos de combustão (industrial, veículos automotores) e aerossol secundário (formado na atmosfera) como sulfato e nitrato.

Quando essas partículas são inaladas, elas atingem os alvéolos pulmonares e chegam até a corrente sanguínea. Agora imaginem: esses materiais constituem agentes mutagênicos que podem alterar o DNA. O resultado, quando é simples, é asma e bronquite. Mas há casos bem mais graves.

O material particulado possui dióxido de enxofre (SO2) e dióxido de nitrogênio (NO2). Esses elementos, quando em contato com a água, por exemplo, produzem ácidos sulfúrico e nítrico.

Tem mais: gases monóxido de carbono (CO) e ozônio (O3). O CO ocupa o lugar do oxigênio no sangue, quando é inalado, e diminui a oxigenação dos tecidos de todo o corpo. O O3, quando entra na faringe e nos brônquios, provoca reações químicas que enfraquecem o sistema imunológico.

 

Quem é o Dr. Aluízio Achutti

Achutti é formado pela Faculdade de Medicina (Famed) da UFRGS. Foi professor visitante de centros ligados à Epidemiologia, Saúde do Adulto, Envelhecimento e Educação em Saúde em Londres, a convite do “British Council”. Entre os diversos prêmios recebidos estão: Primeiro Prêmio Nacional de Medicina e Saúde Pública, com a monografia “Avaliação de Cinco Anos do Projeto Fumo”, juntamente com Maria Helena Rosito e Ligia Kümel Louzada; Prêmio “Destaques Médicos 1988-1989”, conferido pela Associação Médica do Rio Grande do Sul, por serviços prestados à comunidade; Prêmio da Federação Mundial de Cardiologia (World Heart Federation) “World Cardiology Award”, recebido em 2002 em Sidney por ocasião da assembleia geral da instituição durante o Congresso Mundial de Cardiologia; e Prêmio Mário Rigatto Amrigs 2004, como personalidade atuante no controle do tabagismo.

Achutti também foi homenageado pela Sociedade Brasileira de Hipertensão durante seu XI Congresso realizado em Porto Alegre, em 2002, em razão de seu pioneirismo em Pesquisa Epidemiológica sobre Hipertensão Arterial no Brasil. Além disso, recebeu homenagem especial durante o 22º Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia Pediátrica, como seu fundador juntamente com a médica Rachel Snitkowsky, em 1972.

O médico ainda foi membro do Grupo de Trabalho que elaborou o Projeto de Investigação sobre Prevenção da Febre Reumática em oito cidades da América Latina, sob o patrocínio da Organização Pan-Americana da Saúde, e foi responsável pela execução do projeto no Rio Grande do Sul e pelo relatório final de todo o projeto. Exerceu a coordenação geral do projeto de investigação “Vida e Morte de População do Rio Grande do Sul – A corte de 1978 revisitada”, e foi membro do Grupo de Trabalho que elaborou o projeto de investigação sobre Fatores de Risco em Sete Cidades da América Latina, sob o patrocínio da Organização Pan-Americana da Saúde, Programa Saúde do Adulto.

Desde 1986, Achutti é membro do Conselho Diretor da Unidade de Doenças Cardiovasculares da Organização Mundial da Saúde. Também integrou o Painel Científico da Sociedade Internacional e Federação de Cardiologia (atualmente World Heart Federation), na posição de “Chairman” do Comité de Prevenção da Febre Reumática e Doença Reumática do Coração de 1989 a 2000 e novamente em 2001. Foi consultor temporário da Organização Pan-Americana da Saúde e Organização Mundial da Saúde em diversas oportunidades, relacionadas com projetos de investigação e intervenção populacional, quase sempre ligados à saúde do adulto e/ou doenças cardiovasculares, e criador do Serviço de Cardiologia Pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio. Membro do Painel Assessor Internacional do ProCOR, fundado pelo Professor Bernard Lown (Prêmio Nobel de 1985), Aloyzio Achutti tem mais de cem trabalhos publicados na área de Medicina.

 

Fonte: Medicina em Alerta