23 maio, 2025

350.org comenta carta da Presidência da COP30 que pede a triplicação das energias renováveis e a eliminação gradual dos combustíveis fósseis nas agendas de Bonn e da COP30

23 de maio de 2025 – O presidente da COP30, André Corrêa do Lago, emitiu uma terceira carta aos governos para delinear o que deve ser alcançado nas negociações preparatórias da UNFCCC em Bonn (SB 62), a serem realizadas de 16 a 26 de junho, antes da histórica conferência climática COP30. 

Pela primeira vez, o presidente da COP estabelece publicamente três áreas prioritárias de negociação: (i) os indicadores da Meta Global de Adaptação (GGA) do Programa de Trabalho Emirados Árabes Unidos-Belém, (ii) o Diálogo dos Emirados Árabes Unidos sobre a implementação dos resultados do GST e (iii) o Programa de Trabalho de Transição Justa dos Emirados Árabes Unidos (JTWP). As negociações em Bonn estão bem posicionadas para desenvolver textos preliminares para decisões sobre esses itens na COP30.

Do Lago enfatiza especificamente o resultado do Balanço Global (Global Stocktake, em inglês), no qual os países concordaram em “triplicar a capacidade de energia renovável globalmente, dobrar a taxa média anual global de melhorias na eficiência energética e fazer a transição para longe dos combustíveis fósseis nos sistemas de energia, de maneira justa, ordenada e equitativa”.

A carta destaca ainda três prioridades interconectadas para a reunião em Bonn, em julho (SB62), que serão levadas adiante na COP30: reforçar a cooperação multilateral para a ação climática no âmbito da UNFCCC, conectar a emergência climática à vida real das pessoas e acelerar a implementação do compromisso do Acordo de Paris de limitar o aquecimento global a 1,5 grau. Ela também ressalta que os povos indígenas e as comunidades locais são aliados essenciais na resposta global às mudanças climáticas.

Andreas Sieber, Diretor Associado de Políticas e Campanhas Globais da 350.org, diz:

“Depois de meses de ambiguidade, a Presidência da COP30 finalmente apresentou uma linguagem de entrega. Ao identificar uma decisão sobre o Global Stocktake como uma de suas principais prioridades, a Presidência está se movendo na direção certa, especialmente ao vincular isso à eliminação progressiva dos combustíveis fósseis e à triplicação das energias renováveis como principais referências de implementação. Mas os sinais políticos por si só não produzirão resultados nem garantirão que a implementação seja justa e equitativa. Nas negociações sobre o clima em Bonn, a Presidência deve ir além – ela deve exercer uma diplomacia clara e estratégica e usar todo o seu peso político para garantir um resultado ambicioso da COP30 que realmente acelere o Global Stocktake e garanta uma transição energética justa.”

Ilan Zugman, Diretor Regional da 350.org para a América Latina e Caribe, diz:

“Na mesma semana em que o governo brasileiro avança internamente com mudanças legislativas que podem abrir as portas para a devastação ambiental e práticas predatórias em um futuro próximo, bem como se aproxima cada vez mais da exploração de petróleo na foz do Amazonas, finalmente vemos alguns sinais da presidência da COP30 para começar a abordar a maior causa da crise climática. Esse é um primeiro passo, mas por si só insuficiente, se não seguido por outros que levantem o “mutirão” necessário para levar o mundo em direção ao fim da era dos combustíveis fósseis, bem como para pôr fim à busca contraditória do Brasil em ser um líder climático justo internacionalmente e, ao mesmo tempo, remar na direção oposta internamente.”

Nota para o editor:

Nesta semana, o Brasil, país anfitrião da COP30, sofreu dois golpes ambientais e climáticos que podem ter consequências devastadoras nas próximas décadas se aprovados. No dia 20 de maio, o IBAMA liberou mais um passo para que a Petrobas obtenha a licença para exploração de petróleo no Bloco 59, na costa amazônica, parte de um grande plano de expansão para a região. Um leilão de 47 blocos na mesma bacia (e mais de 330 em todo o país) está programado para 17 de junho, quando os diplomatas brasileiros estarão, ao mesmo tempo, vendendo as credenciais verdes do Brasil para o mundo em Bonn.

Na quarta-feira, 21 de maio, o Senado brasileiro aprovou um projeto de lei – por ampla maioria e com votos e apoio do governo do Presidente Lula – que elimina as avaliações de impacto ambiental para quase todos os empreendimentos ambientais, incluindo, graças a uma emenda de última hora do presidente do Senado, projetos de petróleo e gás. O projeto de lei retornará à Câmara e ainda existe a possibilidade de um veto presidencial.

 

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