Jovens ativistas dos países do Sul global, Mitzi Jonelle Tan (Filipinas), Eyal Weintraub (Argentina), Disha A Ravi (Índia), Kevin Mtai (Quênia), Laura Veronica Muñoz (Colômbia) e Greta Thunberg da Suécia anunciaram nesta sexta-feira, 18 de setembro, uma nova onda de mobilizações globais pelo clima.
Em 25 de setembro de 2020, milhares de protestos presenciais e virtuais serão realizados em todo o mundo, para exigir uma ação urgente de enfrentamento à crise climática. As ações sestão marcadas para as ruas das principais cidades, nos países onde a regulamentação quanto à pandemia da COVID-19 permite, e também para espaços online. Os protestos de rua seguirão todas as diretrizes de distanciamento social.
À medida que eventos climáticos extremos, incêndios e inundações causados pela crise climática se aceleram em todo o mundo, as greves são um lembrete aos que estão no poder de que a crise climática não foi embora. Essa mobilização vem na sequência da publicação de uma carta aberta na Thomson Reuters pedindo justiça climática.
No ano passado, milhões de pessoas foram às ruas para exigir ações climáticas. Os políticos e a mídia parabenizaram os jovens e os retrataram como faróis de esperança. Porém, com a inação desses mesmos líderes, nunca houve motivo para comemoração. Para os jovens das áreas mais afetadas pela crise climática, 2019 não foi um ano de festividades: foi uma luta. Milhões de pessoas tiveram que abandonar suas casas e foi um dos anos mais quentes já registrados. Com a pandemia global provando que nosso sistema não consegue lidar com uma crise séria, agora é a oportunidade perfeita para construirmos uma recuperação justa e um “normal” melhor.
Conheça os jovens ativistas
Kevin Mtai, de Eldoret, Quênia
“A crise climática já está causando um grande impacto em comunidades como a minha, na África. Fortes chuvas e enchentes recordes na África Ocidental, Central e Oriental afetaram milhões de pessoas, nas últimas semanas, com mais de 200 mortos e centenas de milhares de desabrigados. Nos Estados Unidos, há incêndios florestais devastadores. A mudança do clima não é algo que vai acontecer no futuro, é aqui e agora”
Mitzi Jonelle Tan, de Manila, Filipinas
“O Sul Global, ou as Pessoas e Áreas Mais Afetadas (MAPA), como preferimos chamar, são aquelas regiões e grupos que experimentam os piores impactos da crise climática”.
“Gigantes da emissão de carbono, como Estados Unidos, União Europeia, China, Shell, BP, Exxon, Chevron: estamos chamando vocês! Você tem uma responsabilidade com o mundo, especialmente com os povos mais afetados, que contribuem tão pouco para a crise climática”.
“Países como as Filipinas são os mais vulneráveis a esses impactos desastrosos, mas nossos protetores do clima não estão sendo ouvidos, e sim silenciados e mortos. Somos o segundo país mais perigoso para ativistas ambientais. Chega!”.
“Líderes mundiais e gigantes da emissão de carbono, preparem-se. Em 25 de setembro, os jovens filipinos entrarão em greve pelas pessoas, pelo planeta e por justiça!”.
Laura Verónica Muñoz, de Bogotá, Colômbia
“Na Colômbia, defender a terra, a natureza e os direitos humanos significa colocar sua vida em risco. Em 2019, 212 líderes ambientais foram mortos, e mais da metade desses casos ocorreram em apenas 2 países: Colômbia e Filipinas”.
“Durante a pandemia, vimos policiais matando indiscriminadamente jovens que saíram em protesto. Também vimos políticos corruptos que se preocupam mais com o bolso do que com a desigualdade exacerbada e registramos a realização de projetos que buscam explorar nossos recursos naturais apenas em benefício de empresas estrangeiras. Em 25 de setembro, vamos nos mobilizar para defender a vida e a natureza e exigir a ratificação do Acordo de Escazú”.
Disha Ravi, de Bangalore, Índia
“Na Índia, as pessoas continuam sofrendo por causa das leis que são contra o povo. Vivemos em um país onde a dissidência é reprimida. Nós, do Fridays For Future India, fomos rotulados como terroristas por nos opormos a alguns projetos. Somente um governo que põe o lucro acima das pessoas consideraria que pedidos por ar puro, água limpa e um planeta habitável são um ato de terrorismo”.
“Continuaremos essa luta porque parar significaria ficar sem água para beber, sem ar para respirar e sem terra para viver, especialmente no caso das comunidades marginalizadas. O governo precisa trabalhar com o povo para protegê-lo. Precisamos de uma recuperação e uma transição justas”.
Nicole Becker, Argentina
“A Argentina e toda a América Latina estão em chamas. Nossa região está pegando fogo como consequência de cinco séculos de pilhagem, extrativismo e colonização. Se não levarmos em conta a dívida ambiental do Norte em relação ao Sul e como isso afetou as gigantescas dívidas externas de nossos países, é impossível resolver a crise climática de maneira justa”.