5 junho, 2019

Aumenta a pressão ambiental sobre Bolsonaro

Protestos relacionados à crise climática agravam a impopularidade do governo

 

Brasília – No Dia Mundial do Meio Ambiente, com o mandato do presidente de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) cada vez mais fragilizado por protestos, grupos militantes das causas climática e dos povos indígenas se encontraram no Congresso em apoio à crescente revolta da população em relação ao governo federal.

“O governo nega as leis da física quando negligencia o clima. Também revela desprezo pela política ao crer que o país pode abandonar sua responsabilidade de proteger e respeitar a natureza”, afirmou o líder da 350.org na América Latina, Rubens Born.

Há poucas semanas o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles (NOVO), agiu de forma constrangedora ao declarar, em entrevista, que cancelaria a Semana do Clima da América Latina e Caribe, organizada pela ONU e prevista para acontecer em Salvador – o prefeito da capital baiana, ACM Neto (DEM), chegou a afirmar que recorreria às Nações Unidas para manter a realização do evento na cidade. Vale notar que o desgaste político ocorreu justamente com o presidente nacional de um partido que é aliado do governo federal no Congresso.

“As pessoas estão reunidas no Congresso para deixar claro que não vamos recuar em relação aos direitos dos povos indígenas. Estamos aqui para manifestar nosso combate às empresas e aos políticos pagos por essas corporações, que querem retirar gás do nosso solo e poluir nossas águas com petróleo. Esses projetos venenosos vão ferir nossas comunidades, acabar com formas de vida e destruir nossas preciosas áreas ambientais.”  

“As pessoas esperam que o governo atue levando em conta os perigos apontados pela ciência do clima. Em resumo, não podemos permitir o desenvolvimento de nenhum novo projeto ligado a combustíveis fósseis como carvão, petróleo ou gás no Brasil. Esse é o teste para Bolsonaro e qualquer pessoa que diga representar os brasileiros”,  completou Born.

No dia 5 de junho, representantes de diversos grupos da sociedade civil participam de um encontro promovido pelas Frentes Parlamentares Ambientalista e de Apoio aos Povos Indígenas.  

No evento, as entidades apresentaram uma carta aberta à Câmara e ao Senado, exigindo a devida atenção à agenda socioambiental, que pode colocar o país em uma posição mais igualitária, sustentável e economicamente atrativa.

A carta traz a seguinte declaração:

“Esperamos que o Congresso Nacional ouça nossas demandas, baseadas, por um lado, em valores democráticos e na Constituição Federal, e, por outro, nas responsabilidades das instituições do Estado e da sociedade brasileira quanto à promoção do desenvolvimento sustentável; à redução de desigualdades sociais e regionais; e à paz e segurança socioambiental do planeta, honrando o papel do Brasil na garantia dos compromissos globais firmados a partir de dois importantes eventos da ONU realizados no Rio de Janeiro (Rio 92 e Rio+20, em 1992 e 2012, respectivamente).”

Born afirmou ainda que a 350.org na América Latina assinou a carta tendo como base valores democráticos e a participação popular para o avanço das políticas públicas ambientais no país.

O evento e a divulgação do texto ocorrem após um protesto que ocorreu em 4 de junho, em frente ao Ministério do Meio Ambiente, contra o desmantelamento de instituições ambientais federais como:

  • Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA);
  • Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) – autarquia federal responsável pela execução de políticas ligadas ao meio ambiente;
  • e Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – autarquia federal que gerencia as unidades de conservação.


Manifestação em frente ao Ministério do Meio Ambiente no dia 4 de Junho de 2019 | Fonte: Marcos Pedlowski
 

Entre as desastrosas medidas recentes, o governo federal reduziu a composição do CONAMA, excluindo uma grande quantidade de representantes da sociedade civil e de governos estaduais e municipais, além de eliminar a representação de cientistas, do Ministério da Saúde e de outras importantes agências federais no Conselho, que é responsável por uma série de regulações fundamentais para a proteção do meio ambiente no país.

O tratamento do governo ao meio ambiente foi criticado por representantes de todo o espectro político – incluindo um comunicado conjunto firmado por oito ex-ministros do Meio Ambiente, de diferentes governos e orientações ideológicas.

O Dia Mundial do Meio Ambiente seria perfeito para Bolsonaro abandonar sua agenda suicida em relação ao clima e às políticas ambientais. A popularidade do presidente de extrema direita segue afundando, e o governo enfrenta protestos dos mais variados setores. A indignação só vai aumentar se Bolsonaro continuar apoiando empresas ligadas ao carvão, ao petróleo e ao gás, em vez de aproveitar as oportunidades existentes para implementar uma transição rumo a um desenvolvimento sustentável, limpo, justo e saudável para todos.

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CONTATOS: 

Alex Raf – Deputy Director Communications
Rubens Born  – Diretor interino da 350.org América Latina, engenheiro, advogado e voluntário da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida.  [email protected]  | 11 98244-7918
Livia Lie – Coordenadora de Campanhas Digitais da 350.org Brasil e América Latina, comunicóloga, e Voluntária da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima Água e Vida. [email protected] | 11 98136-0287