7 dezembro, 2016

Cientistas e laureados pressionam o Prêmio Nobel para desinvestir dos combustíveis fósseis

Press releasepara divulgação imediata

7 de dezembro de 2016

 

Vencedores do Prêmio argumentam que os investimentos que destroem o clima contradizem os desejos de Alfred Nobel

 

ESTOCOLMO, SUÉCIA – Em uma carta divulgada hoje, antes da cerimônia do Prêmio Nobel 2016, cientistas e outros vencedores da condecoração pressionam a Fundação Nobel para que desinvista dos combustíveis fósseis seus fundos de doações, cujo valor chega a US$ 420 milhões. Eles defendem que a instituição “não deveria lucrar com a destruição do clima de nosso planeta”.

Entre os 12 laureados que assinam a carta estão cientistas renomados como o químico atmosférico Paul Josef Crutzen, o físico David Wineland e o biólogo Sir John Sulston, e vários vencedores do prestigioso Nobel da Paz, inclusive a ativista iraniana pelos direitos humanos Shirin Ebadi, a iemenita defensora dos direitos das mulheres Tawakkol Karman e o ativista argentino pelos direitos humanos e pela paz Adolfo Pérez Esquivel. A carta também foi assinada por cientistas famosos, participantes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês), também vencedor do Nobel.[1]

“Em seu testamento, Alfred Nobel escreveu que os prêmios deveriam ser entregues a pessoas que ‘tenham proporcionado os maiores benefícios para a humanidade’. Como laureados e cientistas alinhados com as últimas palavras de Alfred Nobel, nossa expectativa é que a Fundação Nobel também aja pelo bem da humanidade e seus interesses, o que inclui cuidar da saúde do planeta do qual todos nós dependemos”, diz a carta.

O grupo ativista de Estocolmo Divest Nobel,que deu início ao pedido para que a Fundação Nobel corte seus vínculos com a indústria dos combustíveis fósseis, está organizando eventos próximos à cerimônia de entrega dos prêmios Nobel deste ano, neste domingo, em Estocolmo, como forma de manter a pressão.

A carta é feita uma semana antes da divulgação pela Divest-Invest Network do seu terceiro relatório anual sobre o andamento do movimento pelo desinvestimento. O relatório avalia o crescimento e o impacto do movimento ao longo do ano anterior, destacando novos compromissos de desinvestimento e revelando os números mais recentes tanto em relação a esses compromissos quanto aos ativos sob gestão já desinvestidos.[2]

Até agora, mais de 600 instituições já se comprometeram a parar de investir em empresas da indústria de combustíveis fósseis. Entre elas estão cidades como Oslo, Paris, Berlim, Seattle e Melbourne, instituições de ensino e acadêmicas incluindo mais de um quarto das universidades do Reino Unido, as Academias de Ciências da Austrália e da Califórnia, centenas de instituições e fundações religiosas. O objetivo da campanha de desinvestimento Fossil Free é enfraquecer a influência política da indústria dos combustíveis fósseis, acabando com a aceitação pública dos principais causadores das mudanças climáticas.

 

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Contato: Melanie Mattauch, [email protected], +49151 5812 0184 (em Berlim)

 

Notas para os editores:

[1] Signatários da carta para a Fundação Nobel:

  • Paul Josef Crutzen, Países Baixos, Nobel de Química, 1995
  • Shirin Ebadi, Iran, Nobel da Paz, 2003
  • Adolfo Pérez Esquivel, Argentina, Nobel da Paz, 1980
  • Tawakkol Karman, Iêmen, Nobel da Paz, 2011
  • Mairead Maguire, Reino Unido/Irlanda do Norte, Nobel da Paz, 1976
  • Thomas A. Steitz, EUA, Nobel de Química, 2009
  • John Sulston, Reino Unido, Nobel de Medicina, 2002
  • Harold Varmus, EUA, Nobel de Medicina, 1989
  • John Walker, Reino Unido, Nobel de Química, 1997
  • Jody Williams, EUA, Nobel da Paz, 1997
  • David Wineland, EUA, Nobel de Física, 2012
  • American Friends Service Committee, EUA, Nobel da Paz, 1947
  • Jason Box, EUA, Colaborador do IPCC, Nobel da Paz, 2007
  • Graciela Chichilnisky, EUA, Colaboradora do IPCC, Nobel da Paz, 2007
  • Michael Mann, EUA, Colaborador do IPCC, Nobel da Paz, 2007
  • Hans Joachim Schellnhuber, Alemanha, Colaborador do IPCC, Nobel da Paz, 2007

 

[2] O relatório sobre a situação do movimento de desinvestimento será divulgado no dia 12 de dezembro. O relatório do ano passado está disponível aqui: Arabella Advisors: Measuring the growth of the global fossil fuel divestment and clean energy investment movement [pdf], outubro de 2015