2 maio, 2017

Cresce a resistência global à destruição climática

A partir do dia 5 de maio e com duração de dez dias, uma onda global de ações ocorrerá em 39 países dos seis continentes. Milhares de pessoas participarão da Mobilização Global pelo Desinvestimento. Ativistas, grupos religiosos, acadêmicos e comunidades locais atingidas pelas mudanças climáticas se unirão ao movimento pelo desinvestimento dos combustíveis fósseis, que já está presente na Ásia, América Latina e África. Esse movimento deu seus primeiros passos na América do Norte, Europa e Austrália e, desde então, tornou-se o movimento pelo desinvestimento de crescimento mais rápido da história.

Os compromissos para retirada de investimentos em combustíveis fósseis já alcançaram 710 instituições de 76 países, o que representa mais de US$ 5,5 trilhões em ativos. O movimento pelo desinvestimento demonstrou ser a forma mais eficaz de enfraquecer o poder político e financeiro da indústria fóssil, além de prejudicar sua reputação. Cidadãos e instituições respeitadas do mundo o todo estão desempenhando uma liderança climática necessária e imediata, gerando transformações reais.

Esse movimento surge em um momento em que os governos decepcionam suas populações e os impactos climáticos causam estragos em proporções nunca antes vistas, como enchentes, incêndios florestais, ondas de calor, tempestades e secas. A ascensão de políticas radicais de direita em diferentes partes do mundo está gerando uma desaceleração nas ações climáticas, e isso não pode acontecer. A verdade é que a indústria dos combustíveis fósseis está debilitada e já não é mais lucrativa. Apesar disso, ela ainda sobrevive com força em lugares como Alemanha, Rússia, África do Sul, Brasil, Reino Unido e Estados Unidos.

Contudo, a Marcha pela Ciência, realizada no Dia da Terra, seguida pela Marcha Climática dos Povos, demonstraram recentemente uma forte resistência aos planos de destruição de nossas comunidades, de nosso clima e de nosso futuro. No último sábado (29), mais de 200 mil pessoas ocuparam as ruas de Washington, nos Estados Unidos, e dezenas de milhares também aderiram à mobilização em mais de 370 outras cidades ao redor do mundo.

A Mobilização Global pelo Desinvestimento aproveitará a energia criada por essas manifestações e abrirá caminho para ações ambiciosas, ao pressionar nossas instituições para que desinvistam dos desastres climáticos e reinvistam na construção de um futuro renovável e justo para todos.

DESTAQUES DOS EVENTOS PLANEJADOS GLOBALMENTE:

AMÉRICA LATINA

Instituições acadêmicas de toda a região organizarão seminários sobre o desinvestimento e a necessidade de transição para uma matriz energética limpa. Isso inclui eventos na Universidad de San Martín, na Argentina, e na Universidad Católica Boliviana. No Brasil, a torcida organizada do Coritiba irá se manifestar abrindo uma bandeira gigante durante um jogo do Campeonato Brasileiro. Vigílias em nome dos refugiados climáticos e a favor do desinvestimento serão realizadas em diferentes pontos do estado do Paraná. Também serão realizadas ações no Rio de Janeiro e em Buenos Aires, com presença de renomados pensadores como Leonardo Boff e do Prêmio Nobel da Paz, Adolfo Pérez Esquivel.

EUROPA

Dezenas de grupos estão organizando eventos locais em toda a Europa, pedindo a cidades, universidades, fundos de pensão e instituições religiosas para que desinvistam dos combustíveis fósseis. Uma série de 14 marchas nas redondezas dos prédios da prefeitura de Londres pressionará pelo desinvestimento. Instituições culturais também serão pressionadas: a campanha Liberate Louvre intensificará sua demanda para que o Museu do Louvre, em Paris, acabe com sua parceria com a petrolífera Total. Enquanto isso, uma ação visual em Amsterdã pressionará o Museu Van Gogh para que encerre sua relação de patrocínio com a Shell.

AMÉRICA DO NORTE

Uma série de eventos sobre desinvestimento ocorrerá na cidade de Nova York, inclusive uma atividade criativa sobre desinvestimento na Trump Tower, um Fórum Público sobre impactos climáticos, fontes renováveis e desinvestimento, um dia de lobby no Capitólio Estadual, atividades sobre desinvestir dos oleodutos Dakota Access e Keystone XL, e também um  painel de negócios sobre desinvestimento – #DivestNY.

OCEANIA

Centenas de pessoas se reunirão nos quatro principais centros da Nova Zelândia (Auckland, Christchurch, Dunedin e Wellington), e comunidades de toda a Austrália protestarão do lado de fora de mais de cem agências do Westpac, pedindo que esse banco se una ao movimento #StopAdani e desinvista da desastrosa megamina de carvão de Adani.

LESTE ASIÁTICO

Grandes eventos estão sendo organizados em cidades importantes da região, inclusive uma ação massiva em Palawan, nas Filipinas, e movimentos pedindo uma forma de energia limpa, segura e renovável em Jacarta. Em Tóquio, Japão, acontecerá um evento de dois dias para pressionar pelo desinvestimento pessoal dos combustíveis fósseis.

ÁFRICA

Estudantes e acadêmicos na África pressionarão pelo desinvestimento. Na África do Sul, as campanhas Fossil Free Stellenbosch e Fossil Free University Cape Townaproveitarão o momento para intensificar o pedido de desinvestimento por parte dessas universidades. Na Cidade do Cabo, uma petição com centenas de assinaturas será entregue em mãos para a Câmara Municipal, com uma mensagem clara da população: chegou a hora de a Cidade do Cabo desinvestir dos combustíveis fósseis. Na Universidade Abubakar Tafawa Balewa, na Nigéria, também haverá um seminário de um dia sobre o desinvestimento. Eventos locais também serão realizados no distrito Ga-Sul de Acra, Gana, em Duala, Camarões e no Chade.  

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DECLARACÕES:

Bill McKibben, co-fundador da 350.org: “Não há dúvida de que estamos atualmente em estado de emergência com relação às alterações climáticas. Dia após dia as pessoas estão morrendo pelos efeitos das mudanças no clima. Há muitas maneiras de enfrentar esta emergência. O desinvestimento nos permite barrar o dinheiro que financia essa crise, ao bancar projetos ligados aos combustíveis fósseis. O fato de que o movimento pelo desinvestimento tem crescido exponencialmente nos últimos anos é a melhor notícia de todos os tempos. Das Ilhas do Pacífico à África do Sul, dos Estados Unidos à Alemanha, as pessoas estão se levantando e desafiando o poder da indústria fóssil.”

Melina Laboucan-Massimo, fundadora da Lubicon Cree First Nation em Alberta, Canadá: “Não só o desinvestimento é uma forma eficaz de minar o poder da indústria de combustíveis fósseis, como ele também fornece os meios para promulgar uma transição justa ao redirecionar estes fundos para sistemas de energias renováveis. Nosso futuro está no reinvestimento que apóia as comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas e pela economia baseada em energia suja. O movimento pelo desinvestimento está fazendo o que os governos deveriam estar: retirando fundos do problema e investindo na solução. Essa é a única maneira de garantir um futuro melhor para as pessoas e para o planeta.”

Kumi Naidoo, Diretor do Centro da Sociedade Civil Africana: “Comunidades em todo o mundo estão retomando o poder através do desinvestimento. Eles estão se desvinculando dos combustíveis fósseis e enviando uma mensagem forte para políticos e empresas: o fim dos fósseis está acontecendo, chegar a 100% de energia renovável para todos é inevitável. Aqueles que apostam em um futuro baseado em combustíveis fósseis continuarão a perder, os cidadãos globalmente estão exigindo uma transição justa para um futuro saudável.”

CONTATO:

Nathália Clark, Coordenadora de Comunicação da 350.org Brasil e América Latina,[email protected], +55 61 981605551

NOTAS AOS EDITORES:

Para obter mais informações, inclusive respostas às perguntas frequentes e contato com a imprensa para cada uma das ações da Mobilização Global pelo Desinvestimento, consulte nosso kit de mídia.

FOTOS E VÍDEOS (serão atualizados durante a Mobilização):

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