6 de novembro de 2024 – As eleições presidenciais nos EUA foram concluídas e Donald Trump será o 47º Presidente dos Estados Unidos da América.
A 350.org reconhece o resultado do processo democrático, mas também expressa preocupação com o fato de haver a possibilidade de retrocesso quanto aos direitos de muitas comunidades, colegas, parceiros e aliados desta organização nos EUA, e de a reeleição de Trump poder significar violações de pessoas marginalizadas.
Diante desta situação, procuramos força na determinação coletiva e no movimento climático. À medida que o mundo se confronta com o caos climático, o aumento generalizado do custo de vida, a instabilidade geopolítica e os conflitos violentos, acreditamos que seja tempo para uma ação coletiva construtiva.
A necessidade de intervenções estratégicas e de ações de sensibilização nos EUA será ainda maior, uma vez que a Presidência será entregue a um conhecido negacionista do clima.
A crise climática acontece com temperaturas globais recordes, tendo como pano de fundo sistemas de poder profundamente enraizados que influenciam as políticas e os avanços políticos. O movimento climático mantém-se firme no seu objetivo de alcançar a justiça climática e de colocar os interesses das pessoas e do planeta à frente do lucro.
Na próxima semana (11 de novembro), a conferência das Nações Unidas sobre o clima, COP29, tem início em Baku, no Azerbaijão, e os países de todo o mundo têm a oportunidade de duplicar os seus compromissos em matéria de clima.
Este é o momento de mantermos a fé no multilateralismo, de os líderes mundiais responderem ao desafio climático e de o movimento climático os responsabilizar. O mundo precisa de liderança, responsabilidade e colaboração da Europa, da China, das nações vulneráveis ao clima e de aliados climáticos como o Brasil.
A boa notícia é que existem dinheiro e projetos para soluções de energia renovável centradas na comunidade, basta juntá-los. A transição global para as energias renováveis é inevitável e não depende apenas de um país.
“Para ter êxito na política climática global, é necessário que os Estados Unidos se empenhem e estejam dispostos a assumir a sua quota-parte de responsabilidade. A próxima administração Trump será isolacionista e perigosa para o clima.
Mas, nessa escuridão, há alguma esperança de que, com a diminuição do poder dos EUA, outras nações possam avançar, e estados como a Califórnia possam seguir o exemplo.
Vamos lutar para garantir que a eleição de Trump crie um movimento de justiça climática mais resiliente, que perceba que não podemos separar a descarbonização, os direitos dos migrantes, os direitos humanos e a desmilitarização. Trabalhar em conjunto nas alterações climáticas é do interesse de todos. A transição energética nos EUA vai prosseguir, com ou sem o apoio de Trump”. Jeff Ordower, Diretor da 350.org para a América do Norte.
Trump ainda não está no poder e Joe Biden tem a oportunidade de aumentar a ambição e o financiamento dos EUA em matéria de clima na COP29.
Estas semanas cruciais antes da tomada de posse de Trump, em janeiro de 2025, determinarão o legado que Biden deixará para trás e se ele será recordado como o líder que tentou limitar os danos da administração Trump e impedir que o mundo se afundasse ainda mais no caos climático.
Biden deve cumprir o compromisso dos EUA de deixar de financiar projectos de combustíveis fósseis – suspender todas as novas exportações de gás natural liquefeito (GNL) e aumentar o financiamento e a ambição de projectos de energias renováveis, tanto a nível nacional como internacional.
A reeleição de Trump não pode ser uma desculpa para outras nações reduzirem a sua ambição.
“A vitória de Trump pode significar um retrocesso para as agendas climáticas globais, mas, paradoxalmente, abre uma janela para o Brasil se afirmar como um líder de peso nas negociações ambientais. Com a COP30 na Amazônia e a presidência do G20, temos uma oportunidade histórica de mostrar que é possível conciliar crescimento econômico com preservação ambiental e justiça climática. Se os Estados Unidos optarem por caminhos contrários ao avanço da agenda climática, o Brasil pode chamar mais a responsabilidade, liderando um movimento global ambicioso“, avalia Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina.
Aqueles que têm menos responsabilidade e são mais atingidos pela crise climática já estão a demonstrar liderança, oferecendo exemplos de como poderia ser um mundo mais equitativo e saudável.Não podemos permitir que as nações centradas no lucro substituam um sistema quebrado por outro que sirva os seus próprios interesses.
As nações em desenvolvimento podem unir-se e liderar os esforços para redirecionar os fundos dos combustíveis fósseis para projectos renováveis que beneficiem as suas comunidades e as tornem mais resistentes.
Contato para os meios de comunicação social:
Rachel Brabbins, [email protected] // +55 21 98299 8252
Mel Smith, [email protected] // 1 (973) 986-1125
Veja Também:
Faltou ambição: Brasil anuncia NDC