Em plena semana laudato si, em que a Igreja Católica convida seus fiéis a refletirem sobre a importância da solidariedade para a construção de um mundo justo e sustentável, 42 instituições religiosas de 14 países e de diversas denominações tornam público, nesta segunda-feira (18 de maio), seu compromisso em desinvestir ou não investir em combustíveis fósseis.
No maior anúncio conjunto de desinvestimento por parte de instituições de fé já realizado, as organizações participantes se dispõem a nunca investir em empresas ou empreendimentos voltados à produção de combustíveis fósseis, como petróleo, gás e carvão e, no caso das organizações que tinham ativos aplicados nesses setores, se comprometem também a direcionar esses recursos para atividades mais sustentáveis.
Entre as instituições participantes do anúncio está a Diocese de São José dos Campos (SP), que se torna, assim, uma das primeiras organizações religiosas do Brasil a assumir o compromisso de não destinar seus recursos a fundos, ações ou produtos financeiros que estimulem as energias sujas. A Diocese tomou a decisão de se unir ao movimento pelo desinvestimento e o não-investimento depois de receber uma proposta nesse sentido de um grupo de fiéis que compõem a Comissão Socioambiental da Igreja Católica na região.
“Quando o Papa Francisco promove a encíciclica laudato si, ele cumpre a responsabilidade de apontar que os desequilíbrios climáticos têm uma raiz humana e propõe aos cristãos que sejam protagonistas no cuidado com a nossa Casa Comum”, explica Luciano Machado, membro da Comissão Socioambiental da Diocese. “Ao propor a adesão a esse compromisso de não investir em fósseis, queremos espalhar a mensagem do Papa e estimular o engajamento da comunidade no tema do respeito à vida no planeta, que é criação divina”, ele completa.
Além de inspirar pelo exemplo, as organizações religiosas também esperam encorajar governos de todo o mundo a concentrar seus esforços de recuperação diante dos estragos da pandemia de Covid-19 em ações que façam sentido também no médio e no longo prazo, ou seja, que contribuam para resolver tanto a crise econômica e social quanto a climática.
O anúncio teve uma forte participação latino-americana, com a assinatura de organizações de três países do continente, além do Brasil: Argentina (Asociação Civil Ecoraíces e Capítulo Argentino do Movimento Católico Mundial pelo Clima), Colômbia (Confederação Interamericana de Educação Católica) e Equador (Secretariado Latino-americano MIEC-JEC). Também juntaram-se à campanha pelo desinvestimento instituições de Austrália, Bangladesh, Espanha, Estados Unidos, Indonésia, Irlanda, Itália, Mianmar, Quênia e Reino Unido.
Instituições religiosas são quase ⅓ das que aderem ao desinvestimento
Apoiam o anúncio organizações de justiça climática não-religiosas, como a 350.org, e instituições religiosas, como Conselho Mundial de Igrejas, Green Anglicans, Green Faith, Movimento Católico Global pelo Clima e Operação Noah. Entre os signatários do compromisso de não investir em fósseis estão representantes das fés batista, budista, católica, metodista, reformista, quaker, da Igreja da Inglaterra e da Igreja da Escócia, além de uma organização sem denominação voltada à caridade.
Nos últimos anos, o apoio de entidades religiosas das mais diversas fés à campanha global pelo desinvestimento em combustíveis fósseis foi fundamental para o sucesso da iniciativa. Elas representam 30% das quase 1200 organizações que aderiram ao movimento, de acordo com levantamento da 350.org. Somados, os compromissos de desinvestimento anunciados nos últimos anos por instituições de todos os tipos, incluindo empresas, governos e terceiro setor, já alcançam US$14,1 trilhões.
No Brasil, uma das organizações religiosas mais ativas na busca por soluções justas para a crise climática tem sido a Diocese de Umuarama (PR). Em 2016, eles assinaram um compromisso de não-investimento em combustíveis fósseis e anunciaram o plano de se tornar a primeira “diocese de baixo carbono” do país. A 350.org tem atuado em parceria com a Diocese para disseminar informações sobre clima e transição energética para a comunidade de Umuarama.
Também com o objetivo de propor reflexão sobre a causa climática, a 350.org está convidando os brasileiros a se unirem a uma Vigília Virtual pelo Planeta e pela Saúde da Humanidade, em 05 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente. Qualquer pessoa poderá participar, enviando vídeos, fotos ou comentários ao site e às redes sociais da organização, em apoio a ações da sociedade civil e a políticas públicas em benefício do meio ambiente e das comunidades mais vulneráveis. A iniciativa faz parte da campanha Fé, Paz e Clima, que encoraja instituições religiosas e indivíduos a se mobilizarem por soluções para a emergência climática.
Nota: Veja aqui a lista completa de organizações que aderiram ao compromisso de não-investimento e as aspas de seus representantes.
Informações para a imprensa
Peri Dias
Comunicação da 350.org na América Latina
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