Em discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o Presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta terça-feira (20/09), que o Brasil foi escolhido pela ONU, no ano passado, como “campeão da transição energética” e que 84% da nossa matriz energética é renovável. A fala de Bolsonaro omite pontos fundamentais da realidade energética do país e, principalmente, da política energética do governo. Em 2021, a ONU indicou o Brasil para ser um dos países a liderar o diálogo de alto nível sobre energia, uma iniciativa para identificar formas de acelerar as mudanças para um futuro com baixa emissão de carbono e energia limpa, sustentável e acessível. Porém, isso não significa que a ONU tenha elogiado ou reconhecido as políticas brasileiras recentes nessa área. Na realidade, o governo Bolsonaro atuou em várias frentes para expandir os combustíveis fósseis. A lista de medidas antitransição energética incluiu a articulação para contratação de energia a partir de usinas termelétricas a gás e a realização pela ANP de diversos leilões de novos blocos de petróleo e gás, inclusive em áreas ambientalmente sensíveis. Além disso, o governo pouco ou nada fez para evitar novos derrames de petróleo ou fortalecer protocolos de atuação emergencial em caso de vazamentos como o que vitimou o litoral de todos os estados do Nordeste em 2019. Medidas de estímulo às energias renováveis foram poucas e insuficientes. O governo ainda atacou, por diversas vezes, as organizações da sociedade civil que defendem o clima e o meio ambiente. “As energias renováveis expandiram-se no Brasil, nos últimos anos, apesar do governo, e não por causa do governo, como o presidente quis fazer parecer. Bolsonaro foi uma âncora na tentativa do Brasil de acelerar o barco rumo à transição energética”, afirma Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina. Para mais informações ou entrevistas, por favor, entre em contato. Informações à imprensaPeri Dias |