25 outubro, 2023

Mobilizações no Brasil e em mais de 60 de países exigem Transição Energética Justa e Popular

Ações coordenadas em pelo menos 170 cidades destacam soluções para a crise climática e pedem prioridade para energias renováveis

Nota aos jornalistas: Para mais informações sobre horário e local das ações no Brasil, por favor, envie uma mensagem para o e-mail [email protected].

Em novembro e dezembro, uma onda de mobilizações tomará as ruas de pelo menos 170 cidades, em mais de 60 países, inclusive o Brasil, para exigir que os recursos que alimentam o uso de petróleo, gás e carvão sejam redirecionados para uma Transição Energética Justa e Popular. No Brasil, as ações serão realizadas em 3 de novembro.

Reunidas sob o lema “Renova Já! #TransiçãoEnergéticaJustaEPopular”, as iniciativas estão sendo organizadas por grupos ativistas locais, com o apoio da 350.org. O objetivo das ações é amplificar as demandas de ativistas climáticos e representantes de comunidades tradicionais por um sistema energético socialmente justo, baseado nas necessidades das comunidades e composto por energias renováveis, como a solar e a eólica.

Simultaneamente aos anúncios de lucros trimestrais das maiores companhias de petróleo e gás e às vésperas da COP28, os participantes realizarão marchas, ações criativas e debates, que chamarão atenção para as soluções já disponíveis para o fim dos combustíveis fósseis, maiores responsáveis pela crise climática global, e para a democratização do acesso à energia renovável e produzida de maneira justa.

“As mobilizações por uma transição energética justa e popular são uma razão para termos esperança de que um mundo melhor é possível, em um momento em que as guerras, o aperto econômico e a crise climática nos dão motivos para duvidar”, afirma o ativista brasileiro Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina. “As comunidades mais afetadas pelas energias sujas dos combustíveis fósseis estão apontando para as soluções e transformando descrença em ação e inspiração”, completa Zugman.

Apoiadores da causa climática em todo o país podem participar virtualmente das mobilizações da campanha Renova Já, compartilhando conteúdos em suas redes sociais, assinando petições e se cadastrando para receber atualizações completas sobre as ações. Para ter acesso a esses materiais, basta acessar a página www.350.org/pt.

Conheça a seguir as ações previstas para o Brasil.
Rio de Janeiro

Pescadores da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, organizados pela Associação dos Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Rede Ahomar), e ativistas climáticos da 350.org levarão faixas e cartazes e entoarão cantos coletivos com suas demandas, em um local icônico da capital fluminense. Os manifestantes exigirão:

1. Que as empresas deixem de lucrar com a destruição do planeta – A poucos dias do anúncio do lucro trimestral da Petrobras, os pescadores contestarão a insistência de companhias e governos em seguir expandindo a produção de combustíveis fósseis, maiores causadores da crise climática que destrói os ecossistemas e afeta as comunidades tradicionais. No segundo trimestre de 2023, o lucro líquido da Petrobras, por exemplo, chegou a quase R$ 29 bilhões. As cifras exorbitantes contrastam com os danos econômicos que a atividade petroleira provoca à pesca artesanal, por meio de vazamentos frequentes de óleo em áreas como a Baía de Guanabara, onde a Petrobras opera a Refinaria Duque de Caxias (Reduc). 

2. O fim dos subsídios e do crédito para o setor fóssil – Em 2022, o Brasil destinou US$ 69 bilhões em subsídios diretos ou indiretos aos combustíveis fósseis, segundo estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI). Esses recursos precisam ser realocados para fortalecer as comunidades vulneráveis, e não os setores mais poluentes da economia.

3. Prioridade às energias renováveis – Os manifestante exigirão também que os recursos que alimentam petróleo, gás e carvão sejam revertidos para projetos de energias renováveis liderados pelas comunidades e construídas com respeito pelo meio ambiente e pelos povos tradicionais.

Amazonas

Parte da região amazônica está sofrendo graves impactos da seca extrema, causada por uma combinação de aquecimento das águas do Oceano Pacífico, El Niño e crise climática. As consequências vão da morte de botos nos rios amazônicos a dificuldades de locomoção para as populações ribeirinhas, com a baixa no nível dos rios, e degradação da qualidade do ar em cidades como Manaus, devido ao aumento das queimadas.

Nesse cenário de danos agravados pelos extremos climáticos, representantes do povo indígena Mura, ribeirinhos, quilombolas, membros de organizações católicas e ativistas climáticos usarão a criatividade e o espírito de união da comunidade para se manifestar contra a exploração de gás, que afeta os territórios da região, e por uma Amazônia livre da extração de combustíveis fósseis e movida a energias renováveis e justas.

A partir de atividades como pintura de murais, apresentações musicais, palestras e uma Marcha pela Justiça Climática, em Silves, no sul do estado, os participantes discutirão os caminhos para um sistema energético movido a fontes renováveis, descentralizadas e que respeitem os direitos das comunidades tradicionais.

As ações serão abertas aos moradores e coordenadas pelas seguintes organizações: Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural (ASPAC), Rede GTA, Prelazia de Itacoatiara da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Apirá, Grupo de Resistência Amazônica, Grupo de Mulheres de Resistência Amazônica e 350.org.

Rio Grande do Sul

Jovens ativistas do Eco pelo Clima, coletivo associado ao Fridays for Future, farão uma ação criativa em Porto Alegre para exigir que o governo do Estado reconheça oficialmente a crise climática global e, a partir desse ato simbólico, comprometa-se com a expansão justa das energias renováveis e o abandono gradual da produção e do consumo de petróleo, gás e carvão.

Um projeto de lei que poderia colocar essas demandas em prática encontra-se parado na Assembleia Legislativa gaúcha, apesar das recentes tragédias provocadas por extremos climáticos no estado. Pelo menos 47 pessoas morreram, entre agosto e setembro, devido aos estragos causados pelos temporais no Rio Grande do Sul.

Protestos em todo o mundo

Representantes comunitários e ativistas climáticos organizarão ações pela Transição Energética Justa e Popular em outros quatro países latino-americanos: Argentina, Bolívia, Colômbia e México.

A campanha Renova Já também incluirá mobilizações em dezenas de países de todos os continentes. Confira o mapa que registra as iniciativas previstas e saiba mais sobre as ações na página da 350.org.

Mais informações

Peri Dias
Comunicação da 350.org na América Latina
[email protected] / +351 913 201 040