Carta aberta ao BNDES lançada hoje exige medidas concretas para evitar financiamento a desmatadores e a revisão da política socioambiental do Banco
Brasília, 04 de agosto – Cinquenta organizações da sociedade civil divulgaram nesta terça-feira uma Carta Aberta ao BNDES para cobrar da instituição a liberação de mais de R$ 2 bilhões sob gestão do banco, atualmente parados nos fundos Amazônia, Clima e Social.
As organizações pedem também novas medidas para bloquear o financiamento a áreas com desmatamento ilegal, além de maior rigor no empréstimo a projetos que causem impacto socioambiental. Na visão das signatárias, as escolhas de financiamento do BNDES ganham ainda mais peso em um contexto de pandemia, diante da necessidade de uma recuperação econômica que seja correta também dos pontos de vista climático e social.
“Um banco que tem o desenvolvimento social em seu próprio nome não pode atuar ignorando o meio ambiente e as populações mais vulneráveis. No caso dos projetos de energia, por exemplo, já passou da hora de o BNDES investir somente em iniciativas focadas em fontes renováveis, socioambientalmente justas e que respeitem as comunidades indígenas”, afirma Ilan Zugman, diretor interino da 350.org, uma das organizações que assinam o documento.
A carta será apresentada durante evento conjunto da Frente Parlamentar Ambientalista, da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos dos Povos Indígenas, da Frente Parlamentar dos ODS e da Frente Parlamentar Ambientalista. A sessão será realizada nesta terça-feira, 04 de agosto, às 15h, e terá transmissão online.
O evento contará com as presenças de Luciano Coutinho, presidente do BNDES no período de maio de 2007 a maio de 2016, e de Arthur Koblitz, presidente da Associação dos Funcionários do BNDES.
Para as organizações, nas últimas décadas, o BNDES vinha adotando um padrão de investimento que reforçava as desigualdades sociais, violava direitos de comunidades e explorava ecossistemas de forma insustentável, como foi visto nos empréstimos concedidos às obras de Usinas Hidrelétricas na Amazônia.
“Diante da pandemia, o País assiste à incapacidade do governo federal no enfrentamento da crise sanitária, aos Estados e municípios aprofundando seu endividamento e às políticas públicas fragilizadas pela falta de recursos. (…) E essa escassez exige um Banco de Estado a serviço do gigantesco desafio de mudar o paradigma do próprio desenvolvimento, superando modelos ultrapassados de crescimento econômico, que ignoram impactos sociais e ambientais, afetando especialmente os grupos mais vulneráveis”, diz a Carta Aberta.
O documento acrescenta que, neste momento, há uma grande oportunidade de fazer diferente.
“Milhões de pessoas estão sendo jogadas na pobreza e extrema pobreza; com a população negra sendo proporcionalmente ainda mais afetada; centenas de negócios cuja base é a única fonte de rendadas famílias estão deixando de existir e junto deles milhares de ocupações e empregos”.
A carta é assinada por mais de cinquenta organizações, além da 350.org. Entre elas estão Instituto de Estudos Socioeconômicos, Conectas Direitos Humanos, International Rivers, Instituto Sociedade, População e Natureza, Instituto de Defesa do Consumidor, Observatório do Clima, Instituto Socioambiental.
O documento conclui que, neste momento, é fundamental que o BNDES promova de fato o desenvolvimento social.
“Existe uma rica economia de base local e comunitária, com forte conteúdo identitário e criativo – feminista, indígena, preta, jovem, periférica – que precisa ser estimulada e fortalecida”, reforça o texto.
CONFIRA AQUI AS PRINCIPAIS DEMANDAS DA CARTA ABERTA AO BNDES
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Informações para a imprensa
Peri Dias
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