Respeito à biodiversidade e ao clima é impossível sem a participação indígena nos espaços de decisão, afirmam oito organizações indígenas brasileiras em comunicado conjunto
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Indígenas marcham nas ruas do Centro de Cali, na Colômbia, no fim da primeria semana da COP16 da Biodiversidade, para marcar o lançamento de um comunicado sobre o caminho para a COP30 do clima. Crédito: Fernando Morales / 350.org
Neste sábado (26), na COP16 (convenção da biodiversidade da ONU, em Cali, na Colômbia), povos indígenas de todo o Brasil lançaram uma declaração conjunta dos povos indigenas rumo à COP30 (convenção do clima da ONU, que será realizada em Belém em 2025), em que exigem do governo brasileiro a co-presidência da COP16 e o fim da extração de petróleo e gás na Amazônia brasileira.
Os pedidos fazem parte de uma declaração assinada por oito organizações indígenas:
- Articulação dos Povos Indígenas do Brasil(APIB)
- Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB),
- Articulação dos Povos e Organizações Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME)
- Articulação dos Povos Indígenas da Região Sudeste (Arpin Sudeste)
- Articulação dos Povos Indígenas da Região Sul (Arpin Sul)
- Aty Guasu Guarani Kaiowá
- Comissão Guarani Yvyrupa
- Conselho do Povo Terena
Na declaração, os povos indígenas afirmam que não aceitarão projetos predatórios e que ameacem suas vidas e territórios, como os empreendimentos de petróleo e gás, e reafirmam “que não haverá preservação da biodiversidade e nem territórios indígenas seguros em um planeta em chamas”.
As organizações também fazem um forte chamado aos governos do mundo, em especial ao do Brasil, para que sigam o exemplo do governo colombiano, que suspendeu a concessão de novas explorações de petróleo e gás no país e já reconheceu oficialmente os povos indígenas como autoridades ambientais, com participação na tomada de decisões sobre o tema.
“A outra face da crise climática e da biodiversidade é a crise de liderança e de valores. Nós nunca abdicamos desse lugar e não vamos nos perder em discussões vazias e compromissos estéreis”, afirmam.
Os líderes indígenas também demandam a retomada imediata das demarcações de todas as terras indígenas no Brasil e o financiamento direto a iniciativas pelo clima e pela biodiversidade lideradas por povos indígenas.
Em relação à COP30, os indígenas lembram ao governo brasileiro que a convenção será realizada na Amazônia, território indígena por excelência, e que não aceitarão que discussões que afetam a todos os povos indígenas sejam feitas sem que suas vozes sejam ouvidas.
Concluem a declaração conjunta com um chamado a toda a humanidade para lutarmos juntos pela preservação da vida no planeta.
“Convocamos todos os povos indígenas, parceiros, aliados e todos que se importam com a vida na Terra a se juntarem ao nosso chamado para, coletivamente, segurar o céu. Se depender de nós, o céu não irá desabar.”
Contato para a imprensa
Peri Dias
Comunicação da 350.org na América Latina
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