Não é novidade que, se os EUA e o Brasil se retirarem temporariamente do Acordo de Paris e não cumprirem seus compromissos, isso prejudique profundamente nossos esforços coletivos. Como o insucesso da resolução da crise climática não prejudica apenas as nações insulares, e já está tendo um impacto direto em ambos os países – nos quais é possível vislumbrar secas devastadoras e enchentes horríveis – é claro que precisamos fazer tudo o que pudermos para mudar essa situação política.
Para o diretor de Estratégia e Comunicação da 350.org, Jamie Henn – que liderou o trabalho da organização em torno da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC) nos últimos 10 anos – este é “um erro insensato e sem visão por parte de Trump e Bolsonaro”.
Mas é preciso lembrar que mais de 170 outros países ainda são partes do acordo e continuarão a avançar nas medidas contra a emergência climática. “Embora não possamos resolver a crise se duas grandes nações como os EUA e o Brasil não estiverem agindo, o acordo não será desmantelado”, diz Henn. “A grande maioria do mundo e nossas cidades, regiões, empresas e cidadãos ainda estão profundamente comprometidos com a ação climática. A dinâmica está do nosso lado”, completa.
Para Henn, com a ascensão da extrema-direita em muitas nações, é hora dos ambientalistas trabalharem em sincronia com os defensores dos direitos humanos, ativistas da justiça social, o movimento democrático e muitos outros para combater a situação. “Parte disso significa construir coalizões e ir para as ruas juntos. Mas também precisamos fazer com que nossas soluções para esta crise pareçam mais reais para as pessoas. Precisamos mostrar-lhes que uma nova economia de energia limpa beneficiará as pessoas em suas vidas diárias. Em vez de ficarmos bravos, assustados e frustrados, devemos nos unir e proteger nossa casa comum”.
As pessoas têm de ter em mente que os políticos trabalham para nos dividir e cabe a nós unir e criar soluções comuns. “Precisamos pintar um quadro de um mundo diferente: em que o poder está de volta nas mãos das pessoas; em que temos ar puro, água limpa e alimentos saudáveis; em que trabalhamos em conjunto com pessoas de todo o mundo para proteger o futuro de nossas crianças”. Henn termina dizendo que o progresso nunca se move em linha reta: “Bolsonaro e Trump são retrocessos, mas se mantivermos nossa fé e continuarmos a lutar, podemos seguir avançando”.
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CONTATO: Paulinne Giffhorn, coordenadora de comunicação do Instituto Internacional Arayara e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – [email protected] / +55 41 99823-1660