Uma grande mobilização de moradores e movimentos sociais está marcada para a tarde desta quarta-feira (31) na Câmara Municipal de Peruíbe/SP. Após meses de luta, o povo da cidade espera a comemoração da vitória final contra o projeto Verde Atlântico da Gastrading, que propõe a instalação de uma usina termelétrica a gás no município, reconhecido como estância balneária e que possui quase a metade do território em área de preservação ambiental.

“Toda população está sendo mobilizada para comparecer à votação e apoiar os vereadores, para que não retrocedam, pois esta é a vontade da comunidade”, explica Suelita Rocker, ativista da 350.org Brasil, organização que vem apoiando a luta da comunidade contra a termelétrica.

Os vereadores farão a votação final do projeto de emenda à lei orgânica do município, que impede a instalação de indústrias altamente poluentes e causadoras de chuva ácida – barrando, definitivamente, o projeto da termelétrica na cidade. Uma frente parlamentar articulada por movimentos populares está a frente do projeto da emenda, reapresentada depois de não atingir número mínimo de votos, no fim do ano passado. Após forte pressão popular, os vereadores que se ausentaram da votação se comprometeram a, agora, aprovar o projeto.

Em dezembro, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) indeferiu o pedido de licenciamento da Gastrading. Além dos reconhecidos impactos ambientais, a decisão citou a resistência popular ao projeto como fator relevante. “A vontade da sociedade civil vem sendo acatada. Uma sociedade civil, organizada ou não, mas que atua como organismo vivo capaz de expulsar situações perigosas para a sociedade. Estamos sempre à disposição para esta luta enquanto sociedade civil e movimentos sociais”, afirma Marcelo Carvalho Saes do Coletivo Ativista Litoral Sustentável (Cals) e do Instituto Ecosurf.

Povo em luta pelo desenvolvimento sustentável

Representantes dos diversos movimentos populares envolvidos na campanha Usina Não estarão presentes na sessão desta quarta-feira, ao lado de grupos de pescadores, surfistas e membros de aldeias indígenas da região. “Qualquer empreendimento que prejudique nossa mãe terra, nós não aceitamos. Nossa missão é proteger nosso ambiente e nosso lar e nós estaremos junto ao povo lutando contra a usina”, afirma Itá Mirim, líder da aldeia Tabaçu, da Terra Indígena Piaçaguera.

Mais uma vez,  o povo de Peruíbe  é exemplo de luta contra mega empreendimentos poluentes. “Queremos o progresso, mas o progresso sustentável e mostrar a importância do embate, para que as próximas gerações possam ter um ambiente saudável”, afirma Sylvia Lima, ativista do Movimento contra as agressões à natureza (MoCan).

Para Juliano Bueno de Araujo, coordenador da campanhas da 350.org Brasil e da COESUS, mais uma vez o povo de Peruíbe é exemplo de luta contra mega empreendimentos poluentes. “Desta vez, um projeto retrógrado, que visa a produção cara e suja de energia, e que acabaria com a vocação natural do município – e seu potencial para desenvolvimento do turismo ecológico, dos serviços e comércio associados. Peruíbe quer desenvolvimento com sustentabilidade e justiça social”, afirma.