deputado lider do pt invade sede de movimento social

Contrariando decisão da 7a Vara da Justiça Federal no Amazonas, que suspendeu duas audiências públicas marcadas para sábado(20) e domingo (21) para debater a extração de petróleo e gás no chamado Campo de Azulão, o presidente do PT amazonense, Sinésio Campos insistiu na manhã deste sábado (20) em realizar o procedimento e atacou verbal e violentamente as organizações sociais que assinaram o pedido de liminar para cancelar o evento.

Diante de autoridades locais, incluindo o prefeito Raimundo Grana e vereadores, Campos, que também é deputado estadual pelo PT, incentivou dezenas de pessoas a invadir a sede da ASPAC (Associação de Silves pela Preservação Ambiental e Cultural). A Associação assinou o pedido de liminar juntamente com a Associação dos Mura, que representa 190 famílias indígenas dos povos Mura, Munduruku e Gavião Real,  e com o apoio das organizações 350.org, Alternativa Terra Azul, Comissão Pastoral da Terra , Grupo de Trabalhos Amazônicos e Rede Resistência Amazônica.

Autor da convocação irregular, o IPAAM, através de seus representantes, não participou dos atos agressivos comandados por Sinésio Campos.

Em vídeos que desde a manhã de sábado circulam em grupos de WhatsApp, Sinésio Campos aparece escoltado por policiais militares e outras autoridades, insistindo em entrar na sede da ASPAC, mesmo sem autorização de representantes da entidade nem ordem judicial nesse sentido. Um dos policiais ameaçou de prisão representantes da Associação, que terminaram autorizando a entrada do grupo de Sinésio.

Duas audiências públicas irregulares haviam sido marcadas pelo IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas) em Silves e Itapiranga neste final de semana para debater a exploração de gás e petróleo pela empresa Eneva no chamado Campo do Azulão, localizado entre os dois municípios.  Na tarde desta sexta (19), a Justiça suspendeu os eventos e cancelou as licenças ambientais emitidas irregularmente pelo IPAAM. À noite, uma segunda decisão judicial manteve as licenças, mas cancelou as audiências.

Em um dos vídeos, Sinésio Campos aparece mencionando uma suposta necessidade de realizar uma CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] das ONGs”. Ameaçar com CPIs,  “fiscalizar” locais privados e/ou públicos com controle de acesso, como escolas e hospitais, é uma prática de assédio e intimidação típica da direita extrema e adotada pelos bolsonaristas que invadiram e depredaram em 8 de janeiro o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e o Congresso Nacional, em Brasília.

 

 

Veja a matéria sobre decisão judicial que suspendeu audiência pública e licença ambiental da Eneva

 

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Carlos Tautz – Assessor de Imprensa
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