Na corrida contra o tempo para uma economia de baixo carbono, o lançamento do  relatório “Future of Solar Photovoltaic”, da Agência Internacional de Energia Renovável (Irena, em inglês), abre uma perspectiva favorável na América Latina e Caribe, quanto à ampliação da capacidade instalada de energia solar na região até 2050. O anúncio foi feito, nesta semana, no evento Sun World 2019, no Peru. A perspectiva é de um aumento 40 vezes maior. Isto significa que deverá passar de 7 GW a mais de 281 GW na região. Para chegar nestes resultados, os investimentos anuais devem ser da ordem de US$ 7 bilhões. Nesta evolução prevista de cobertura, a capacidade global poderá passar de 480 GW (2018) para 8 TW neste período.

Relatório sobre Solar - 2019

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Um dos destaques latino americanos é o México, por causa do boom da energia solar distribuída com mais de 100.000 telhados solares em residências e instalações comerciais e industriais. No Brasil, principalmente a região Nordeste tem batido a marca de geração instantânea, como a anunciada no último dia 12, pela Operadora Nacional de Sistema Elétrico (NOS), com a produção de 1.210 MW às 10h33, que corresponde a um fator de capacidade de 95,3%. No momento avaliado, o pico representava 9,9% da carga da região. 

Neste cenário otimista, a energia solar figurará em segundo lugar atrás da eólica e representará um quarto da produção global. Ao mesmo tempo, o custo global nivelado de eletricidade (LCOE, em inglês) para a fonte solar seguirá numa curva de diminuição, passando de uma média de US$ 0,85/kWh em 2018 para um valor entre US$ 0,05 a US$ 0,14/kWh até 2050. 

Este quadro, segundo a análise, é favorável para as metas de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEES), que integram o Acordo de Paris, e serão discutidas na Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP-25), em Madri, no mês de dezembro. A implantação acelerada de energia solar fotovoltaica, juntamente com a eletrificação profunda, tem o potencial de fornecer 21% das reduções de emissão de CO₂, que correspondem a praticamente 4,9 gigatoneladas por ano no mesmo período.

Francesco La Camera, diretor geral da Irena, avalia que esta tendência só será fortalecida com políticas sólidas. Segundo o executivo, a indústria solar global tem potencial para empregar mais de 18 milhões de pessoas até na metade deste século, que corresponde a quatro vezes mais de empregos atualmente. No escopo global, o relatório avalia que o mercado asiático terá ainda a predominância, com destaque para a China, com mais de 50% da capacidade instalada neste período, seguida da América do Norte (20%) e da Europa (10%).

Mais um ponto destacado por Camera, é quanto à capacidade instalada de energia solar fora da rede, que expandiu mundialmente mais de dez vezes, passando de 0,25 GW no ano de 2008 para 3 GW em 2018. Investimentos neste setor vêm ao encontro dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ODS/ONU). 

No Brasil, em particular, foi instalada uma polêmica nos últimos meses com a possibilidade de maior taxação para mini e microgeração distribuída (veja também Na contramão das renováveis, Aneel propõe ajuste regulatório para mini e microgeração de energia solar). Um assunto que está gerando um amplo debate e está em consulta pública. 

Sobre a 350.org e as mudanças climáticas

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Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima. Mais uma vertente das iniciativas apoiadas pela 350.org é da conjugação entre Fé, Paz e Clima.

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Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org, no Brasil