De tempos em tempos, executivos do mais alto escalão da indústria do petróleo do mundo se reunem em um luxuoso hotel no Rio de Janeiro para usar o dinheiro dos contribuintes e participar dos leilões fósseis organizados pela Agência Nacional do Petróleo e Gás (ANP). Ou seja, para comprar o direito de usufruir e poluir nossas terras, nosso ar e nossa água de graça, já que a Medida Provisória 795 (MP do Trilhão), subsidia essas empresas

(Sim, essa história é tão absurda que você já deve ter nos acompanhado em manifestações históricas que aconteceram como essa, essa e essa.)

Acontece que o Novo Corona vírus está colocando em cheque até mesmo o modelo econômico que vivemos. Com a quarentena instauranda no mundo todo e a consequente paralização das indústrias, a compra e venda de barris de petróleo também sofreu as consequências. A indústria petrolífera que estava acostumada com um ritmo de produção agressivo para atender a uma demanda forçada pela concorrência, viu o preço dos barris cair vertiginosamente. E, apesar do esforço dos principais players em segurar o mercado por meio de acordos, o mercado chegou no seu limite: Não há mais onde estocar petróleo e nos Estados Unidos, o preço ficou negativo pela primeira vez na história.  

Conheça os 5 princípios para uma #RecuperaçãoJusta

“A profunda queda dos preços do petróleo é outro exemplo poderoso de como os combustíveis fósseis são voláteis demais para serem a base de uma economia resiliente. Desde o início da crise, os lobistas corporativos têm sido altamente ativos e os executivos de petróleo e gás pedem furiosamente – e recebem – generosidade do governo dos EUA. Estamos experimentando uma recuperação sem paralelo em nossas economias. E chegou a hora da indústria de combustíveis fósseis reconhecer que, a partir de agora, o melhor e mais barato local para armazenar petróleo está no solo. Embora essa recessão nos mostre que precisamos desesperadamente de sistemas econômicos sustentáveis, resilientes e estáveis, baseados em fontes renováveis, acessíveis e justas de energia, a indústria de combustíveis fósseis não está apenas tentando lucrar com o caos atual, mas continua a nos impulsionar ainda mais em colapso climático. “, disse Brett Fleishman, Diretor da campanha de Finanças da 350.org

Aqui no Brasil a retração da indústria do petróleo deve afetar diretamente os leilões fósseis. 

“A instabilidade do governo, somada a postura dos nossos governantes perante essa grave crise de saúde que vivemos, e o desinteresse dos compradores já demonstrado no Mega Leilão, em Novembro de 2019, que foi um fiasco, devem dar um fim, ao menos temporário, nos leilões fósseis. Se há algo de positivo para tirar dessa história toda, acredito que seja o respiro que damos ao clima e às comunidades que são impactadas diretamente por esses leilões.”, falou Nicole Oliveira, diretora da 350.org na América Latina.  

Nós estamos na torcida para que possamos sair dessa crise o quanto antes, e mais do que isso, para que possamos repensar no modelo econômico que vivemos. Ficaremos na torcida para uma recuperação justa.

 

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Livia Lie – Digital Campaigner da 350 América Latina