Os motivos que levam à mobilização contra o fracking, técnica de fraturamento hidráulico para extração de gás de xisto (gás de folhelho), por meio de perfurações profundas no solo, têm se ampliado ao longo dos anos. Motivos não faltam para serem gerados estes alertas. Entenda os argumentos, que são baseados em pesquisas científicas e experiências práticas, para dizer não a este modelo de produção de combustível fóssil, que contribui para a crise climática que vivemos.

O que é a técnica de fracking?

– Para extrair o gás de xisto, por meio do fraturamento hidráulico, são feitas perfurações que podem chegar a 3,2 km de profundidade. Quando se atingem as rochas sedimentares, se dá o início às perfurações. Para isso, são utilizadas tubulações com grandes quantidades de água e de solventes químicos comprimidos, que geram explosões. Com a fragmentação das rochas, nos vãos é colocada areia, para auxiliar que o terreno não ceda e ao mesmo tempo facilite a saída do gás.

Quais são os riscos associados?

– Desperdício de grandes volumes de água, quando os recursos hídricos estão cada vez mais escassos no planeta. Estima-se que um único poço de gás não convencional requeira entre 9 e 29 milhões de litros de água;

– Emissão de Gases de Efeito Estufa (GEEs), principalmente gás metano (CH4), que é 25 vezes mais poluente que o dióxido de carbono (CO2), que também é emitido;

– Risco à saúde devido ao perigo de contaminação do solo, de lençois freáticos, de aquíferos, de ecossistemas e de seres vivos devido aos efluentes e fluídos decorrentes das substâncias químicas utilizadas no processo. Isso quer dizer: risco ao consumo de água potável.

Existem na casa de 1.000 tipos diferentes de aditivos químicos nos fluídos. Alguns, comprovadamente tóxicos e cancerígenos. Além do metano, compostos orgânicos voláteis (COV), como benzeno, naftaleno, xileno, tolueno, ácido sulfúrico e óxido de etileno. Muitas substâncias estão também associadas a problemas nos sistemas nervoso, imunológico e cardiovascular e grande parte pode afetar a pele, olhos e sistema respiratório resultando em processos de irritação;

– Emissões de materiais particulados, subprodutos da queima do flare e da sílica, que são extremamente tóxicos;

Geração de resíduos sólidos perigosos; já com relação às águas residuárias podem também conter materiais radioativos carreados no processo de perfuração. Entre eles, Radônio, que é um gás nobre, que dificulta a sua disposição final. Já são relatados riscos, como vazamentos nas lagoas de armazenagem, acidentes no transporte e/ou inadequação do tratamento e que levam à contaminação de águas superficiais incluindo as de mananciais;

– Riscos de ocasionar sismos ou tremores de terra;

– Causa poluição sonora por meio dos sons dos equipamentos e do transporte;

– Ocupação e desmatamento do solo

*Fontes consultadas:
Publicação “Fracking e exploração de recursos não convencionais no Brasil: riscos e ameaças”. IBASE. 2017/Centro Geológico dos EUA/Universidade de Cornell

Campanha Não Fracking Brasil

A Campanha Não Fracking Brasil foi idealizada pela Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS), que tem a parceria da 350.org Brasil e do Instituto Arayara, desde 2016. Entre os resultados desse esforço conjunto de mobilização, que inclui representantes da sociedade civil e dos poderes públicos e legislativo, estão a aprovação da primeira lei anti-fracking em definitivo no Brasil, que foi sancionada em julho deste ano, pelo governo do Paraná, e a aprovação também, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, do projeto de lei nº 145/2019, que assegura a proibição da exploração do xisto no estado, sancionada pelo governador do estado. Mais um avanço importante aconteceu em 2019 nesta agenda. O debate sobre o tema chegou ao Senado, em audiência pública realizada em agosto de 2019, com a participação das ONGs.

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Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil

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