7 outubro, 2021

Após protesto em leilão da ANP, 350.org, Ahomar e SindPesca-RJ celebram áreas salvas do petróleo

Por pressão do movimento ambientalista, blocos nas bacias Potiguar, de Pelotas e de Campos encalharam e estão protegidos, por enquanto, dos danos sociais e ambientais

 

Em frente ao Hotel Windsor da Barra da Tijuca, onde a ANP realizou o leilão, manifestantes pedem o fim da exploração de combustíveis fósseis. Foto: Lucas Landau/350.org

O “encalhe” de blocos de exploração de petróleo nas bacias Potiguar, de Pelotas e de Campos, registrado hoje na 17ª Rodada de Leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) representa uma vitória do movimento socioambiental e da conservação marinha no Brasil. 

É o que afirmam representantes de três organizações que protestaram contra o certame, em frente ao hotel onde a ANP realizou a disputa, no Rio de Janeiro.

O protesto reuniu ativistas da 350.org, pescadores artesanais da Associação dos Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara (Ahomar) e membros do Sindicato dos Pescadores Profissionais e Pescadores Artesanais, Aprendizes de Pesca e Pescadores Amadores do Estado do Rio de Janeiro (SindPesca-RJ).

Na terça-feira (05/10), a 350.org já havia divulgado, em parceria com o Instituto Maramar, um estudo que apontava que o leilão expunha ao risco de destruição algumas das áreas oceânicas mais importantes para a biodiversidade e a pesca no Norte, Nordeste e Sul do Brasil

Segundo o levantamento, em caso de acidentes na atividade petrolífera, os danos poderiam afetar não só os territórios já protegidos pela legislação ambiental, como Fernando de Noronha, mas também regiões que ainda não receberam proteção oficial e são conhecidas como “oásis” de peixes. Essas áreas exigem avaliações mais detalhadas dos impactos que podem sofrer, o que não foi adequadamente realizado pelos órgãos oficiais.

Sobre o resultado do leilão, os participantes do protesto afirmaram:

Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina

“Às vésperas da COP26, esse foi um claro recado aos governos do Brasil e do mundo inteiro de que a sociedade civil não tolera mais os danos que o petróleo e o gás representam para o meio ambiente e as comunidades”.

“A pressão pela transição energética e pelo meio ambiente ganha cada vez mais força. Não há mais licença social para que empresas com um péssimo histórico ambiental sigam expondo nosso patrimônio natural a riscos fiquem com os lucros, enquanto agravam a crise climática”.

Alexandre Anderson, presidente da Ahomar

“Como pescadores artesanais que sofrem há décadas com o vazamento de óleo e as dificuldades de navegação na Baía de Guanabara, somos solidários às comunidades pesqueiras das áreas próximas aos cinco blocos leiloados na Bacia de Santos. Ao mesmo tempo, comemoramos a ausência de ofertas nas outras três bacias, porque sabemos que isso representa pelo menos um momento de tranquilidade para milhares de famílias que vivem da pesca artesanal e do turismo no litoral”.

“A vida do pescador artesanal é de luta. Mostramos nossa oposição à exploração de petróleo e gás em áreas marinhas e contribuímos para evitar que 87 blocos fossem leiloados. Mar sem petróleo é uma vitória para nós, para as comunidades trabalhadoras que vivem dos ecossistemas do litoral e para o patrimônio natural brasileiro”.


Informações à imprensa

Peri Dias
Comunicação da 350.org na América Latina
[email protected] / +591 7899 2202