Protesto ocorreu em frente à sede do banco em São Paulo (SP) e foi marcado por pedidos de desinvestimento em combustíveis fósseis, proteção à Amazônia e aos povos indígenas, performances, artivismo e a entrega de uma carta para o CEO do BTG Pactual
Nesta sexta-feira (5), indígenas, ativistas pelo clima e representantes da sociedade civil, se reuniram em frente à sede do BTG Pactual, maior banco de investimento da América Latina, para solicitar que a empresa retire o investimento de 21,53% de participação da empresa Eneva, maior operadora de gás do Brasil, dona de duas termelétricas a carvão e responsável pela compra de blocos para a exploração de petróleo e gás na Amazônia, além de deixar de investir em qualquer projeto que tenha por objetivo a exploração de combustíveis fósseis.
O pedido oficial foi feito por meio de uma carta, assinada pelo Coordenador da Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (COIPAM), Cacique Jonas Mura e pelo Presidente da Federação do Povo Huni Kui do Estado do Acre (FEPHAC), Ninawa Inu Pereira Nunes Huni Kui, destinada ao CEO do BTG Pactual, Roberto Sallouti. O documento foi entregue em mãos à funcionários do banco que desceram para conversar com os manifestantes durante o ato, visto que a entrada dos manifestantes não foi permitida.
Além da carta, foram realizadas performances no local, sempre reiterando a importância da proteção à Amazônia e aos povos originários e a necessidade de parar de investir em combustíveis fósseis. Embora o protesto tenha sido completamente pacífico, os manifestantes foram abordados pela polícia, que solicitou que fosse feito um boletim de ocorrência. De acordo com os policiais, esse seria um “procedimento padrão” da cidade de São Paulo.
O manifesto, que ocorreu em meio à COP26, faz parte de uma onda de ações visando revelar instituições financeiras que continuam a apoiar a indústria de combustíveis fósseis. Com mais de 120 ações em 26 países coordenadas pela 350.org e parceiros, as mobilizações expressam um sentimento coletivo de urgência, para exigir justiça climática e impedir o financiamento criminoso dos combustíveis fósseis, que matam populações em todo o mundo.
Sobre o protesto os participantes afirmaram:
Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina
“Acredito que o recado tenha sido dado. Todos presentes entenderam que estamos lutando para cortar os fluxos financeiros, cortar quem investe no petróleo e gás na Amazônia. Conservar a Amazônia é uma das tarefas mais importantes para a humanidade, se quisermos evitar os piores cenários climáticos. A maior floresta tropical do mundo funciona como um depósito de carbono de proporções continentais e como reguladora das chuvas em boa parte da América Latina. E esse é um dos grandes motivos para parar de financiar essa destruição. Banqueiros e executivos de bancos não podem seguir agravando a destruição desse patrimônio brasileiro, que é também essencial para o futuro do planeta”.
Cacique Jonas Mura, Coordenador da Coordenação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (COIPAM)
“A manifestação para nós foi importante para passarmos um recado direto para o banco que financia as empresa que estão dentro de nosso território. Eles financiam essas empresas que chegam em nossos territórios e vão desmatando tudo. Atigindo os rios. Deixando as águas poluídas. Os peixes das águas vão se afastando. As caças da mata também. Isso tudo vem atingindo diretamente nossa população, que conta com 1,5 mil indígenas no município de Silves (AM). Então é por isso que estamos aqui, para pedir para esses bancos que parem de investir nessas empresas, pois elas estão nos prejudicando. Esperamos ter um bom resultado desse recado que foi dado.”
“Gostei de ter vindo manifestar em São Paulo e conhecer também um pouco da realidade destas pessoas que ficam em escritórios, mas a gente que fica lá em nosso habitat natural, não quer trocar por isso. Queremos ficar lá mesmo, porque lá é nosso lugar de origem, lá é onde foram enterrados nossos avós, ancestrais e riquezas, que devem ficar junto com a gente”.
Informações à imprensa
Paulinne Giffhorn
Comunicação da 350.org na COP26
[email protected] / +55 (41) 99823-1660