Três dias que uniram lideranças religiosas e comunidades das regiões do Norte e do Nordeste. Dias de histórias, reflexões, interpretações e plano de ações em cima da Carta Pastoral Episcopal Latinoamericano (CELAM), assim foi o Encontro de Comunidades Atingidas pela Mineração, onde a 350.org e COESUS participaram por meio do Programa Fé, Paz e Clima que teve o encontro como marco inicial.
Fonte: Justiça nos Trilhos
“A soma das nossas lutas, com a soma das nossas dores, dos nossos alentos, também dos nossos clamores, são essenciais, porque se nós precisávamos ser fortes e unidos, agora mais do que nunca, precisamos estar juntos. Essa realidade de Pequiá mexeu muito comigo, sobretudo o olhar para as pessoas, percebemos nitidamente a violação dos seus direitos, sem falar no impacto degradante da natureza, do direito de ela ser ela mesma. Isso é um pecado, uma ferida, como diz Papa Francisco, é um pecado da humanidade”, disse Reginaldo Urbano assessor do Bispo Dom João Mamede para assuntos socioambientais, membro do Grupo de Trabalho da Mineração da CNBB, e membro da 350.org.
Ao longo dos três dias de evento, foi possível iniciar o”Programa Fé, paz e clima”, que além de unir a população e a igreja, também prevê lutar pelos direitos das comunidades em todo o país — especialmente em territórios ameaçados pelo fraturamento hidráulico — levando treinamentos, oficinas e cursos a todos. Pautar atividades com base na ética, nos valores e na convivência, esses são os principais objetivos do programa, segundo Rubens Born, diretor interino da 350.org América Latina.
“É extremamente relevante que diferentes comunidades de fé possam utilizar a ética para propagar novas atitudes e valores compatíveis com a proteção ambiental, justiça social, diminuição de desigualdades e, claro, buscando qualidade de vida para todos”, conta. “Portanto, realçar as ameaças e os impactos da exploração de energia fóssil e propagar as opções que temos para manter um manejo equilibrado são essenciais para unir e conscientizar comunidades”, Rubens Born.
Durante os dias do evento, as equipes da 350.org e da COESUS levaram o conteúdo da Campanha Não Fracking Brasil, que fala sobre os riscos do método traz ao meio ambiente e às comunidades no entorno. A região já possui áreas que foram leiloadas para a indústria petroleira que já vêm iniciando atividades como no caso de Floriano (Piauí) , por exemplo. No evento, os integrantes da equipe da 350.org contaram suas experiências nos campos de fracking que chocaram a comunidade já fragilizada pelos efeitos da mineração.
“O evento foi de fundamental importância para vivenciar a realidade das comunidades que foram diretamente afetadas pela poluição, degradação ambiental, saúde e segurança, levando a elas mais informações sobre alguns temas que ameaçam a região, como é o caso da exploração de gás não convencional por meio do fracking”, comenta o gestor ambiental e membro da 350.org e COESUS, Renan Andrade.
O Encontro de Comunidades Atingidas pela Mineração foi realizado pelo Grupo de Trabalho sobre Mineração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a rede Iglesias y Minería e a rede Justiça nos Trilhos, contou com a participação do bispo de Caxias, Dom Sebastião Lima, o bispo de Floriano, dom Edivalter Andrade, o bispo de Tocantinópolis, dom Giovane Pereira de Melo, o bispo de Imperatriz, dom Vilson Basso, o assessor das Pastorais Sociais da CNBB, Frei Olavio Dotto, a secretária executiva do Regional Nordeste 5, Martha Bispo, com representante do Conselho Indigenista Missionário (CIME) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Fonte: Justiça nos Trilhos
“É uma primeira vez que nós aqui no Brasil trabalhamos nessa carta. Ela ainda está sendo traduzida e depois será divulgada para todas as Igrejas do Brasil”, disse o Bispo de Caxias (MA), Dom Sebastião Lima Duarte que é também é membro do Grupo de Trabalho de Mineração da CNBB, uma das organizadoras do evento.
Após o Encontro, os Bispos da Diocese do Maranhão convidaram a equipe da 350.org e COESUS a visitarem suas regiões para apresentar o programa “Fé, Paz e Clima” e orientar sobre a ameaça do fracking. O convite gerou uma agenda cheia para o mês, com visitas às dioceses, comunidades indígenas, movimentos sociais e representantes políticos, sobretudo àqueles ligados à Igreja.
Nos próximos meses, o projeto estará presente em diversos estados para estreitar as relações da comunidade com grupos religiosos, levando informações e conscientização acerca de assuntos que envolvem o desenvolvimento sustentável das cidades e municípios. Além disso, já está sendo organizado o 1º Congresso Latino Americano sobre Fé e Clima e Vigília Climática, a ser realizado em Foz do Iguaçu (PR) em 2019.
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Paulinne Rhinow Giffhorn — jornalista da Fundação Internacional Arayara e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS).
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