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Há dois anos, no dia 8 de outubro, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas publicou um relatório especial sobre o aquecimento global de 1,5° C. O relatório incluiu mais de 6.000 referências científicas e foi compilado por 91 autores de 40 países.

O relatório descreveu como o aquecimento global de 1,5° C representa uma linha vermelha para nossa sobrevivência e para um clima mais estável; e como a janela para manter o aquecimento abaixo desse limite está fechando rapidamente. Ele demonstrou que, para manter o aquecimento global abaixo de 1,5° C, carvão, petróleo e gás precisavam permanecer no solo — o que significa não utilizarmos mais combustíveis fósseis. Além disso, o relatório também confirmou aquilo que já sabemos: os poderosos interesses financeiros da indústria de combustíveis fósseis e seus apoiadores atuam para tentar prevenir e atrasar essa transição. Esses interesses são a principal razão de estarmos na atual trajetória de aumento do aquecimento global de 3° C ou mais.

Essa foi a pesquisa mais dura e convincente sobre a crise climática e exigiu uma mobilização massiva de recursos públicos e privados, mudanças rápidas em nossos sistemas econômicos e de energia e um plano para restaurar o equilíbrio entre a natureza e a humanidade.

Dois anos mais tarde, em meio a uma pandemia global, os governos reagiram principalmente à ameaça do coronavírus, adotando uma série de medidas drásticas e sem precedentes (muitas vezes com impactos negativos sobre os mais vulneráveis) e colocando quantias inimagináveis de dinheiro na mesa para evitar o colapso econômico.

No entanto, a ação igualmente urgente e necessária para lidar com a crise climática ainda está terrivelmente aquém de onde deveria estar. Na verdade, até o momento, governos e instituições financeiras ajudaram e incentivaram a indústria de combustíveis fósseis a agravar o problema.

Desde o lançamento do relatório IPCC 1.5C, inúmeros países têm sentido os impactos da degradação climática. Inundações devastaram meios de subsistência e vidas; no continente africano, milhões de pessoas foram afetadas. Em julho de 2020, um terço de Bangladesh estava debaixo d’água. Em janeiro, incêndios florestais devastaram partes da Austrália, e esta semana uma nova classificação de incêndios florestais foi determinada — os incêndios giga ou giga-fogo. A lista de impactos climáticos devastadores é longa e atinge as comunidades com muita força, afetando adversamente as mais vulneráveis às mudanças climáticas.

Ainda assim, a indústria de combustíveis fósseis segue em frente, apoiada pelos bancos que continuam a investir em seus negócios, com empresas como a Exxon planejando aumentar as emissões de carbono em 17% ao ano em vez de reduzi-las, e diversas empresas de petróleo fazendo promessas inúteis de serem neutras em carbono até 2050 enquanto continuam a planejar a expansão da produção.

A situação está mudando

Se os últimos dois anos foram caracterizados pela falta de ação dos governos para enfrentar seriamente a crise climática, ela foi neutralizada pela ação popular global que se acelerou no mesmo período. O movimento climático foi levantado pelo movimento juvenil de greve pelo clima e grupos como a Extinction Rebellion, que catapultou a crise climática para a mídia convencional. Em setembro de 2019, 8 milhões de pessoas, inspiradas pelas greves pelo clima realizadas pelos jovens, saíram às ruas para exigir ações sobre as mudanças climáticas. No dia 12 de dezembro, o governo do Reino Unido realizará a cúpula do clima COP26 para pressionar os países a fazerem mais progressos no compromisso de reduzir as emissões. É vital que os líderes mundiais tomem as medidas necessárias

A covid-19 mostrou ao mundo o que podemos alcançar quando agimos juntos como um só planeta. Os impactos devastadores do vírus e a necessidade de ação coletiva significam que nos unimos como uma comunidade global como nunca antes. A crise climática exige que façamos o mesmo, para lutar pelo #MundoQueQueremos por uma #RecuperaçãoJusta. #WorldWeWant #JustRecovery