Experiências em diferentes países retratam os impactos negativos e riscos socioambientais que têm sido provocados pelo fracking (técnica de fraturamento hidráulico para extração de gás de xisto), com o parecer de especialistas e relatos de comunidades afetadas, ao mesmo tempo que tratam de mobilizações da sociedade que ocorrem nestas localidades. Reunimos cinco documentários aqui no blog da 350.org, no Brasil, para que possam assistir, opinar e compartilhar este tema atual para o aprofundamento do debate sobre o desequilíbrio climático e ecossistêmico impostos pela carbonização energética. A pergunta lançada é: por que dizer não ao fracking no contexto da crise climática no planeta?

Confira:

1 – TEXAS OIL FIELDS ON FIRE WITH POLLUTING FLARES FROM FRACKING: Este pequeno documentário “Campos petrolíferos do Texas pegam fogo com labaredas poluentes por fraturamento”, da NBC Left Field, expõe uma polêmica no oeste do Texas, EUA, com o boom que a extração de óleo e gás está criando para produtores e moradores locais. A emissão de gases de efeito estufa (GEEs) à atmosfera causa danos ao clima e é tóxico a aqueles que vivem perto das plataformas de fraturamento.
Produção: NBC Left Field;
Realização: vídeojornalista Ali Withers e câmera adicional Ed Ou;
Duração: 11 minutos;
Ano: 2019;
Idioma: inglês.


2- FRACKING YORKSHIRE – THE CROSSROADS OF OUR ENERGY FUTURE: documentário  apresenta a preocupação com a encruzilhada imposta de nossa energia no futuro diante do exemplo da exploração de gás de xisto na região de Yorkshire, na Inglaterra, e a mobilização de ativistas com relação ao empreendimento e a pressão policial que sofrem ao se manifestarem. O roteiro destaca que a técnica é controversa e traz depoimentos sobre a preocupação de especialista em sustentabilidade e agricultor quanto aos riscos de contaminação das águas e do ar colocando como contraponto as energias limpas e renováveis.
Diretor e roteirista: Laurence D`Silvia;
Duração: 23 minutos;
Ano: 2018;
Idioma: inglês.

3 – HOW DOES FRACKING WORK: Este TED-ED animado, com Mia Nacamulli, tem um papel didático que mostra como acontece a técnica do fracking e quais são seus riscos climáticos e ao ecossistema.
Direção e produção: Mia Nacamulli;
Duração: 6 minutos;
Ano: 2017;
Idioma: inglês.

4 – LA GUERRA DEL FRACKING: roteiro traz testemunhos de técnicos, moradores, incluindo comunidades indígenas, e empreendedores argentinos sobre os efeitos poluentes e diferentes impactos ocasionados tanto pela exploração de petróleo, como pelo gás de xisto, com a narração do documentarista e diretor Fernando Pino Solanas. Ao mesmo tempo, o documentário reproduz anúncios governamentais à mídia de apoio à técnica, como trechos de contexto geopolítico, em outros países, como os EUA, que é o maior produtor de gás de xisto. Solanas, que também foi senador, critica o comprometimento do fracking à crise climática e as decisões políticas da gestão pública argentina para a manutenção dos combustíveis fósseis. Segundo ele, um grande número de cidades argentinas, em diferentes províncias, proibiu a técnica do fracking. O governo federal, entretanto, ainda incentiva, e um dos casos mais clássicos e preocupantes no país é da região de Vaca Muerta, na região de Neuquén, que permanece até hoje, sete anos depois, em detrimento das energias limpas e renováveis. E faz um alerta – a manutenção do fracking pode comprometer o Aquífero Guarani, que também é de vital importância ao Brasil, Paraguai e Uruguai.
Direção: Fernando Pino Solanas e assistência de direção de Nicolás Sulciv e Juan Pablo Olsson;
Produção: CineSur com colaboração da Associação Projeto Sul Cultural;
Duração: 88 minutos;
Ano: 2013;
Idioma: espanhol.

5 – GASLAND – A VERDADE SOBRE O FRACKING: documentário expõe os impactos nas principais zonas afetadas pelo fracking nos EUA e alerta sobre a poluição provocada na água potável, com o crescimento vertiginoso de poços de exploração no país, por causa das centenas de substâncias químicas utilizadas na técnica. São ouvidas famílias afetadas pelos empreendimentos. O recado principal no roteiro é que ‘sem água, não há vida’ e que a técnica contribui para as emissões de gases de efeito estufa (GEEs). Em uma linha histórica, faz uma remissão aos anos 1970, com relação às políticas socioambientais e como foram se transformando, com o passar dos anos, sendo mais permissivas a combustíveis fósseis. Como mensagem, tece críticas à inação da política pública e de agências reguladoras para combater este processo que compromete as ações contra as mudanças climáticas, o ecossistema e a saúde pública, como também à pressão da propaganda de mercado, ao vender uma imagem positiva da economia com alto carbono.
Direção: Josh Fox, com edição de Mattew Sanchez e produção de Trish Adlesic e outros;
Produção: International Wow Company
Duração: 142 minutos;
Ano: 2010;
Idioma: inglês (legendado).

Campanha Não Fracking Brasil

A Campanha Não Fracking Brasil foi idealizada pela Coalizão Não Fracking Brasil (COESUS), que tem a parceria da 350.org Brasil e do Instituto Arayara, desde 2016. Entre os resultados desse esforço conjunto de mobilização, que inclui representantes da sociedade civil e dos poderes públicos e legislativo, estão a aprovação da primeira lei anti-fracking em definitivo no Brasil, que foi sancionada em julho deste ano, pelo governo do Paraná, e a aprovação também, na Assembleia Legislativa de Santa Catarina, do projeto de lei nº 145/2019, que assegura a proibição da exploração do xisto no estado, sancionada pelo governador do estado. Mais um avanço importante aconteceu em 2019 nesta agenda. O debate sobre o tema chegou ao Senado, em audiência pública realizada em agosto de 2019, com a participação das ONGs. 

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Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil

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