Por que devemos taxar os bilionários para ajudar a resolver a questão do clima
A taxação de riquezas social e ecologicamente destrutivas deveria ser uma questão óbvia. A ação urgente e necessária para abastecer o mundo com energia renovável mais barata e limpa e reduzir nosso uso de energia exige um enorme investimento público, mas os governos do Norte Global não estão se mobilizando. A controvérsia sobre quem deve pagar a conta da ação climática é um debate internacional. Forçar a parcela mais rica da sociedade a pagá-la, por meio de impostos sobre a riqueza, é uma das soluções mais claras e diretas para esse problema. Os governos não apenas poderiam arrecadar os trilhões necessários para lidar com a crise climática, como ajudariam a reduzir a desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres.
A questão de quem paga pela ação climática é o cerne de uma guerra cultural que está sendo alimentada na Europa e em outras partes do mundo. A extrema direita e seu negacionismo climático manipulam o público em escala planetária, dizendo que as pessoas comuns terão que pagar pelas medidas favoráveis ao clima, como a construção de mais painéis solares ou a instalação de aquecimentos. Isso definitivamente não é verdade. A questão sobre quem paga não é algo inevitável, mas uma escolha – e a realidade é que os super-ricos podem e devem ser forçados a contribuir. Os bilionários e multimilionários costumam pagar muito menos do que sua justa e devida parcela de impostos, ao mesmo tempo em que contribuem de forma desproporcional para a crise climática, que afeta as pessoas mais pobres em países ricos e nações vulneráveis ao clima. Um imposto sobre a riqueza disponibilizaria os recursos necessários para enfrentar as crises do clima e do custo de vida. Tornaria a energia mais barata e renovável, com nossas casas seguras e aconchegantes, viagens mais acessíveis e convenientes, ar e água mais limpos, além de fornecer o financiamento há muito prometido às nações mais pobres do mundo para que possam reparar e prevenir danos climáticos, ampliando a transição para as energias renováveis.
Não pode haver mais atrasos, bodes expiatórios nem desculpas. Quase dez anos após a assinatura do Acordo de Paris, os países ricos ainda não conseguem fornecer nem o mínimo necessário a cada ano para reparar e prevenir danos climáticos, construir infra estruturas à prova do clima ou produzir mais energia renovável no nível e na velocidade exigidos pela crise climática. Diversas vezes, líderes de governos – muitos dos quais expostos ao lobby de bilionários – escolheram a austeridade em vez da ação. Incorreta e desastrosamente, muitos deles jogaram a culpa por um sistema econômico falido em grupos marginalizados, como imigrantes e a comunidade LGBTQ+, em vez de fazerem escolhas políticas para garantir que as crianças tenham comida no prato e as pessoas recebam bons cuidados de saúde e possam viver em casas aconchegantes, com condições de pagar por elas.
Os super-ricos – que acumulam riquezas impressionantes, sonegando impostos e explorando trabalhadores comuns – são uma das razões pelas quais nosso sistema econômico está quebrado. De mãos dadas, os chefes dos combustíveis fósseis e outras empresas megapoluidoras causaram e estão piorando a crise climática com seu lobby e recusa em mudar. Adotar medidas urgentes e significativas para taxar a riqueza excessiva, destrutiva e ilegítima dessas pessoas é um passo para consertar essa situação. Os bilionários incluídos neste dossiê são apenas a ponta do iceberg. Mas eles são, em grande parte, exemplos de uma classe ultrarrica que, até agora, tem agido com impunidade, representando não apenas um problema a ser resolvido, mas uma oportunidade de promoção de mudanças transformadoras para todos que se preocupam com a justiça climática.