Tratar as mudanças climáticas com o status de crise, apontando problemas e soluções, dedicando maior profundidade e diversidade de pauta ao tema, e ampliar a acessibilidade e interatividade da população. Este é o desafio da iniciativa jornalística global Covering Climate Now (Cobrindo o Clima Agora, em português), criada neste ano, que já tem a adesão de mais de 350 veículos de mídia no mundo, além de parceiros institucionais e independentes, que têm o alcance a 1 bilhão de pessoas. A mobilização midiática chegou a este resultado, em seis meses de existência, após seu lançamento na Universidade de Columbia, nos EUA. 

Na América do Sul, títulos que integram o movimento são o site brasileiro do Projeto Colabora, as publicações argentinas Clarín, La Nacion, Redaccion, a chilena La Tercera e a venezuelana Diário de los Andes. Também estão na lista a Rede Globo e a instituição universitária Insper, além de profissionais free lancers. Qual o melhor termômetro para medir a qualidade das veiculações continua sendo o próprio público obviamente. Mais um aspecto interessante é a multiplicidade de organizações, desde aquelas que se sustentam com doações de pessoas físicas a veículos de massa e agências de notícia de grande porte.

O movimento midiático foi copatrocinado pelo The NationColumbia Journalism Review e pelo Schumann Media Center e tem apoio expressivo do jornal britânico The Guardian.

Um dos fundadores da proposta, o jornalista Mark Hertsgaard, correspondente do The Nation, afirma que as ‘mudanças climáticas’ são o eixo da história que define nossos dias. O profissional é veterano no tema, que cobre desde 1989. “Uma coisa que é 1.000% clara [é] que viemos para ficar, porque a crise climática não vai desaparecer…Temos que quebrar o silêncio sobre o clima e aumentar a cobertura, o que fizemos com muito sucesso. O nosso norte fundamental: seguir a ciência”, disse em entrevista ao jornalista Sherry Ricchiardi, divulgada pela Rede de Jornalistas Internacionais (IJNET).

O mote para dar início a esta mobilização foi a proposta de que o tema fosse difundido uma semana antes da Cúpula das Nações Unidas para a Ação Climática, que ocorreu em 23 de setembro. A criatividade foi um ponto interessante, com matérias que tratavam desde como o aquecimento global afeta atletas olímpicos aos impactos em agricultores, além das mobilizações de jovens pelo clima. Rádios conseguiram criar interatividade com o ouvinte com hashtags provocativas, como o desafio quanto à redução do uso do plástico, propondo o consumo consciente.

Além da Covering Climate Now, há muitas iniciativas espalhadas em diferentes países, como o Brasil, que tratam as mudanças climáticas com rigor e seriedade, mas o fato da mobilização trazer o holofote para a pauta é algo que merece atenção. E a realização da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP-25) está na contagem regressiva. Os interessados em se juntar ao movimento global podem entrar em contato no e-mail: [email protected].

Sobre a 350.org Brasil e a causa climática

A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.

Desde o início, trabalha questões de mudanças climáticas e luta contra os fósseis junto às comunidades indígenas e outras comunidades tradicionais por meio do Programa 350 Indígenas e vem reforçando seu posicionamento em defesa das comunidades afetadas por meio da campanha Defensores do Clima. Mais uma vertente das iniciativas apoiadas pela 350.org é da conjugação entre Fé, Paz e Clima.

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Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil

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