Desde o início de setembro, manchas de petróleo têm aparecido em praias dos nove estados do Nordeste brasileiro. Até a data de hoje (7), já foram registradas 132 localidades poluídas em 61 municípios. De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama),  a mesma substância está poluindo a costa brasileira.

Para investigar a procedência do petróleo cru – sem qualquer tipo de processamento – que está se espalhando pela costa brasileira, além do Ibama, estão atuando o Ministério do Meio Ambiente, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (DF), a Marinha e a Petrobrás – que recentemente apontou não ser responsável pelo material encontrado. Há a suspeita de que o material tenha sido despejado por navios petroleiros após a limpeza de tanques.

Segundo uma declaração do secretário de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Pernambuco, José Bertotti, os responsáveis pelo problema podem pagar uma multa que vai de R$ 5 milhões a R$ 50 milhões pelo crime ambiental.

O petróleo cru é uma mistura de hidrocarbonetos, que apresenta concentrações variadas de enxofre, nitrogênio, oxigênio e metais. 

O material tóxico é extremamente perigoso tanto quanto para a vida marinha como para os seres humanos. Além de evitar o contato direto com as manchas nas praias, também é recomendado não consumir peixes e outros frutos do mar produzidos nas regiões em que foram encontradas manchas.

Enquanto não for contido, o caso impossibilita a pesca e atividades marítimas nas localidades, impactando não só o meio ambiente como a economia do nordeste brasileiro que, com a chegada da primavera, encontra-se no início da alta temporada e costuma receber grande quantidade de turistas.

“Mais uma vez estamos assistindo uma contaminação imensurável. A indústria dos combustíveis fósseis ainda não entendeu que o planeta já está esgotado e não podemos mais contar com esses impactos. Fala-se tanto em desenvolvimento, mas apenas vemos um investimento em práticas que trazem ainda mais problemas ao meio ambiente e à economia local”, declara o diretor associado de campanhas da 350.org Brasil, Juliano Bueno de Araújo. 

Bueno também destaca que o caso é importante para lembrarmos o que a indústria fóssil é capaz de fazer com o Parque Nacional dos Abrolhos, localizado na Bahia, que poderá ser afetado por contaminações caso os blocos das bacias de Camamu-Almada e Jacuípe sejam leiloados para exploração na 16ª Rodada de Licitação de Blocos para Exploração e Produção de Petróleo e Gás Natural, que será realizada na quarta-feira (10). 

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Paulinne Giffhorn | [email protected]

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