O combate às mudanças climáticas e ao aquecimento global tem um papel central atualmente que converge os debates virtuais aos oficiais e à mobilização nas ruas. Neste mês de setembro, há uma série de iniciativas, que trazem uma mensagem bem clara: se nada for feito hoje para reverter esta aceleração em curso, a humanidade gradativamente sofrerá impactos que giram em torno da segurança alimentar e conservação ambiental, entre outros reflexos desta inação. Um cenário futuro, no contexto de um planeta que deverá ter na casa de 10 bilhões de habitantes até a metade do século, contra 7,5 bi atuais.

O que fica mais evidente é que quem já paga e pagará um “preço muito alto”, nessa conta que não fecha, em um modelo de desenvolvimento ainda baseado em combustíveis fósseis (petróleo, gás e carvão) e desmatamento, são as populações mais pobres e vulneráveis.

Assembleia Geral da ONU

É nessa atmosfera que líderes de mais de 190 estados-membros do mundo se reunirão, na 74ª Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), entre esta terça-feira (17) e 30 de setembro, em Nova York, EUA, para discutir uma agenda multidisciplinar, que tem como temas principais, paz e segurança, mudanças climáticas, direitos humanos e desenvolvimento sustentável; todos interligados. Especificamente entre os dias 24 e 30, é o momento em que líderes mundiais se pronunciam.

O secretário-geral da ONU António Guterres expôs que há a probabilidade de haver uma reunião lateral, inclusive, sobre mecanismos de mobilização de combate aos incêndios e queimadas que afligem a Amazônia, nos últimos meses.

Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM), há muitos pontos “em chamas”, com incêndios florestais no planeta. Além de registros na Amazônia brasileira e em outros biomas, como o Cerrado, em parte do Peru, da Bolívia e Paraguai, há casos considerados excepcionais no Ártico, em parte da Europa e da África Central.

De acordo com análises sobre imagens de satélites, há forte indício de que grande parte destas ocorrências têm relação com o desmatamento.A diplomata equatoriana María Fernanda Espinosa Garcés, que presidiu a 73ª Assembleia Geral da ONU, no ano passado, também enfatizou em pronunciamentos oficiais, a importância da Amazônia no combate às mudanças climáticas. Neste ano, quem foi eleito presidente é Tijjani Muhammad-Bande, de Ghana. Uma representatividade que ganha um simbolismo importante, pois representa o continente africano, um dos mais afetados pelas mudanças climáticas e o aquecimento global.

Cúpula da juventude

Nesta programação, no âmbito da ONU, o foco se torna mais intenso na agenda, com a Cúpula da Juventude para o Clima, em 21 de setembro, No encontro, estarão ativistas, inovadores, empresários, segundo a organização, que estão comprometidos em combater as mudanças climáticas no ritmo e na escala necessários para enfrentar o desafio.

Cúpula da Ação Climática

Logo, no dia 23, a Cúpula da Ação Climática da ONU. Será um momento de diálogos e debates entre governos, setor privado, sociedade civil, autoridades locais e outras organizações internacionais, com o objetivo de desenvolver soluções ambiciosas em seis áreas: uma transição global para energia renovável; infraestruturas e cidades sustentáveis e resilientes; agricultura sustentável e manejo de florestas e oceanos; resiliência e adaptação aos impactos climáticos; e alinhamento das finanças públicas e privadas com uma economia líquida zero.

Todos estes eventos antecedem a Conferência das Partes da Convenção-Quadro sobre as Mudanças do Clima (COP 25), que ocorrerá em dezembro, no Chile.

Mobilizações nas ruas e nas redes

A sociedade civil quer ser ouvida. Paralelamente a esta agenda oficial, ativistas no mundo inteiro estão se articulando para a Mobilização Global pelo Clima (#ClimateStrike) principalmente em ações pacíficas entre os dias 20 e 27 de setembro, mas que se estenderão em outras datas, dependendo da região. Um dos exemplos é a 2ª Marcha Gaúcha pelo Clima, que acontecerá em Porto Alegre, RS, no dia 29 de setembro. São mais de 2,5 mil eventos programados em 117 países.

Para saber mais a respeito de diferentes agendas, há alguns sites que podem ser consultados. Entre eles, o Global Climate Strike, e o Fridays for future, movimento estudantil das greves pelo clima às sextas-feiras, que ganhou escala mundial e teve como precursora a estudante sueca Greta Thunberg, 16 anos, que já se encontra em Nova York, desde 28 de agosto (veja também Por onde anda a jovem ativista pelo clima Greta Thunberg?). A jovem foi indicada ao Prêmio Nobel da Paz.

No dia 20, que é uma sexta-feira, também ocorrerão ações digitais, confira em Mobilização global pelo clima também poderá ser realizada em meio digital .

Sobre a 350.org Brasil e a causa climática

A 350.org é um movimento global de pessoas que trabalham para acabar com a era dos combustíveis fósseis e construir um mundo de energias renováveis e livres, lideradas pela comunidade e acessíveis a todos. Nossas ações vêm ao encontro de medidas que visem inibir a aceleração das mudanças climáticas pela ação humana, que incluem a manutenção das florestas.

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Sucena Shkrada Resk – jornalista ambiental, especialista em política internacional, e meio ambiente e sociedade, é digital organizer da 350.org Brasil

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